tag:blogger.com,1999:blog-145375224541339472024-03-05T23:14:51.293+01:00Crítica da Razão InteriorNão tenho vergonha de preferir a felicidadeLaura S.http://www.blogger.com/profile/12877726250437798865noreply@blogger.comBlogger307125tag:blogger.com,1999:blog-14537522454133947.post-11516308451526506792012-06-13T00:58:00.006+02:002012-06-13T00:58:57.396+02:00Fazer Erasmus - o fecho deste blogue<div style="text-align: justify;">
Olá! Este é o meu último post neste blogue, que acompanhou os meus dois primeiros anos universitários. Sinto que está na altura de o fechar por uma variedade de razões. Em primeiro lugar, porque sinto que a minha posição emocional se alterou muito ao longo do tempo. É verdade que poderia dar lugar a outro tipo de posts, mas para isso o espaço não podia ser o mesmo - nem eu sou a mesma. Depois, porque estou a ir-me embora de Madrid. Foram dois anos de mudanças drásticas em termos de estilo de vida e este meu último ano de licenciatura será em Lisboa, onde já estive, a viver com a pessoa com quem vivia antes. Não é de todo um retorno ao passado! É um ano em que tenho que me empenhar na faculdade a outro nível, já que terei que escrever uma tese de licenciatura. Na verdade, o que eu sempre quis fazer desde que comecei o curso.</div>
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Por outro lado, tenho um novo projecto que entrará em andamento no dia 23 de Junho deste ano - um dia depois do meu aniversário - que podem consultar aqui: https://www.facebook.com/id.est.blog</div>
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Assim, despeço-me. Obrigada pelos mails que me enviaram, pelas quase mil visitas mensais a este espaço desde há 7 meses, pela sensação de que não estava sozinha mesmo quando cheguei a um país desconhecido, sem amigos e sem saber falar a língua. </div>
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Não vos quero deixar sem antes fazer um post informativo sobre o que é fazer Erasmus. Espero que gostem e que seja útil para quem esteja a pensar fazê-lo.</div>
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Um beijo enorme. </div>
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Mais uma vez, obrigada.</div>
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Laura</div>
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<b>Fazer erasmus</b></div>
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As razões:</div>
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Por volta de Fevereiro de 2011 decidi que ia fazer uma das coisas que mais queria desde que entrei para o 5º ano: estudar fora do país. Não havia rigorosamente nada que me prendesse a Portugal, senão um coração despedaçado e uma alma desfeita. A minha universidade tinha acordo com França e Espanha e eu escolhi Madrid por pouco saber de Francês. Estas foram as minhas razões, pouco válidas, agora que olho para trás. Mas mesmo assim, tomei a decisão.</div>
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Burocracia:</div>
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Esta é a parte mais chata e irritante de fazer erasmus. É preciso não esquecer todos os documentos exigidos por ambas as universidades. Desde o documento que permite que as equivalências sejam feitas de uma universidade para a outra, até à confirmação da bolsa de estudos, mais a matrícula na universidade de origem e a matrícula na universidade que nos recebe. É preciso ter atenção ao alojamento - eu acabei por ficar numa residência de estudantes cuja qualidade não é superior e é demasiado cara - e aos transportes até à faculdade. É necessário calcular um orçamento mensal - coisa que eu não fiz e que, por isso, acabei por gastar mais dinheiro do que era suposto - assim como ver as tarifas de telemóvel no país para onde se vai viajar. NÃO VALE A PENA comprar um cartão de telemóvel no país para onde se viaja até se fazer alguns amigos. É um desperdício de dinheiro e sai mais caro para quem nos liga. Utilizem skype e agora há uma aplicação chamada Vodafone Web Phone para que permite enviar mensagens gratuitas. A aplicação é gratuita e descarrega-se no site da Vodafone para o computador, se for Windows, ou para o Facebook, se for Mac. </div>
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A língua:</div>
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Frequentei um curso de Espanhol durante um mês no Verão. Ainda hoje estou para descobrir se foi a decisão mais acertada. Sinto que perdi um mês inteiro onde podia estar a divertir-me - só entrei de férias na segunda semana de Agosto - e não sei se isso me ajudou assim tanto. De resto, em Dezembro já falava Espanhol fluentemente e neste momento não preciso de pensar para falar. Por vezes sonho em Espanhol e estou perfeitamente à vontade para falar com qualquer pessoa nesta língua.</div>
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As notas:</div>
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As notas variam muito de país para país. Senti que em Espanha é muito fácil para os Espanhóis terem um 20. Eu própria tive dois durante este ano, coisa impensável na minha universidade em Lisboa. O método de ensino aqui tem como base o decoranço e eu tenho pena porque os alunos pensam pouco e decoram muito. Aconselho a que entrem em contacto com a universidade e peçam as notas dos anos anteriores para verem 'onde se estão a meter'.</div>
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Os sentimentos:</div>
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Quando se vem fazer erasmus, pode escolher-se ser sozinho ou fazer amigos. Claro que isto se pode escolher em qualquer circunstância da vida, mas é muito mais simples estar sozinho por causa da barreira da língua e é muito mais simples fazer amigos porque toda a gente quer mostrar tudo. Somos nós que decidimos.</div>
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A minha decisão este ano foi a de estar sozinha. Poucas vezes tive oportunidade para a solidão durante a minha vida e não quer ter mais nenhuma vez. No entanto, fez-me muito bem ter feito só dois ou três amigos na faculdade (que de certeza que vou manter contacto, porque são pessoas excepcionais) e estar com eles essencialmente nas aulas. Todos os outros conhecidos serviram para sair à noite ou jantar de vez em quando. Nada mais. Creio que isto foi muito importante porque me fez pensar em coisas as quais nunca tinha pensado. Também sinto que deste ano levo uma dose maior de tolerância e que mudei no que toca a sentimento de compaixão pelo outro. É como se precisasse de ser oleada - e bastante! - e estes momentos de solidão proporcionaram-me isto mesmo. </div>
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Como já aqui disse, sou uma pessoa bastante extrovertida que faz amigos com muita facilidade. É exactamente por isso que não quero repetir a experiência da solidão. Esta decisão no início do ano fez com que, por vezes, as coisas fossem bastante complicadas de aguentar. Embora a minha mãe, os meus amigos e a pessoa com quem namoro tenham estado incondicionalmente presentes TODOS os dias, às vezes era complicado voltar para o quarto e não ter ninguém a quem contar o dia. Como sou uma faladora - bem, uma verdadeira matraca eheh - chorar foi recorrente nos primeiros meses. Mas depois passou e adaptei-me a estar sozinha, tendo sempre em mente que no ano seguinte ia voltar a viver com a minha querida amiga e a falar com toda a gente por toda a parte.</div>
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Todos dizem que deveria ter vindo com amigos, mas eu não concordo. Se voltasse a fazer erasmus, de certeza que não voltaria sozinha, mas para uma primeira vez, estou contente com a minha decisão.</div>
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As decisões:</div>
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Pode não parecer, mas quando se está sozinho há uma série de coisas que tem que se decidir. Senti também que tive pouco controle sob os meus horários de sono, de refeições e de desporto. Este último pouco ou nada esteve presente este ano, quando no ano passado era quase diário. As refeições foram feitas a horas indecentes e houve alturas em que os meus horários de sono estavam todos trocados. Só no segundo semestre é que comecei a organizar melhor a minha posição e as coisas normalizaram. Para quem vai fazer erasmus sozinho, aconselho a que faça um calendário e que cumpra. A preguiça é safada, de vez em quando! Ihihih!</div>
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E aqui está. Se quiserem saber mais detalhes, alguma coisa que não tenha referido, escrevam para criticadarazaointerior@hotmail.com. Vou deixar o mail aberto para quaisquer dúvidas que surjam. </div>
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Um beijo e não se esqueçam de seguir este novo projecto! :D</div>
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<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-large;">https://www.facebook.com/id.est.blog</span></div>Laura S.http://www.blogger.com/profile/12877726250437798865noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-14537522454133947.post-73521021260777033652012-05-24T20:09:00.001+02:002012-05-24T20:09:43.951+02:00Não me perguntes sobre o meu passado, que te guardo segredos. A dor é profunda e irrevelada e as palavras já não me saem alegres e bailarinas como antes. Noto uma dificuldade no meu discurso, a gaguez tomou parte de mim e agora, só, deixo-me arrastar pelos dias.<br />
A minha imagem espelhada já não me corresponde. O que antes era uma alma alegre, é agora nada. Quanto mais era, mais queria ser mas a (im)paciência tomou rédeas e agora sou um naco de carne que se esfarrapa pelo ar.Laura S.http://www.blogger.com/profile/12877726250437798865noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-14537522454133947.post-81700877188695803282012-05-22T01:25:00.001+02:002012-05-22T01:25:18.296+02:00As FloresSempre quis aqui escrever sobre flores.<br />
O meu passado com elas não é risonho, mas adivinho que vamos ter futuro, um grande futuro. Se um dia alguém me oferecer pelo aniversário flores, eu fico feliz. É verdade que gosto de receber prendas, mas as flores têm um significado especial. Oferece-se vida, oferece-se cor e cheiro. Oferece-se um bocadinho de nós e isso não tem preço.<br />
As flores servem para tudo. Para agradecer, para pedir, para desculpar, para ser desculpado, para demonstrar uma variedade de sentimentos. Ou só para ter.<br />
<br />
No dia dos namorados, ofereci-lhe margaridas verdes. Eram bonitas, farfalhudas, miudinhas. Muito gostou e ainda hoje falamos desse ramo. Foi a minha prenda porque achei que não podia oferecer melhor, já que não estava presente. Se houvesse alguma parte de mim que lhe pudesse chegar a casa ainda viva, então eu faria com que chegasse.<br />
<br />
Uns tempos mais tarde, comprei margaridas brancas e verdes para mim mesma. Descansavam na minha secretária enquanto eu fazia exames. Assim como precisava de mim, também eu precisava de uma companhia que cheguei a pensar indispensável. Mas as manhãs nasciam sempre, o sol raiava e por mais um dia, só mais um, os esforços eram intensos e proveitosos.<br />
<br />
Lembro-me muitas vezes de um dia, cansada, entrar na minha casa e ter flores à minha espera. Prefiro ter flores do que ter jantar ou mesa posta, prefiro um ramo, uma flor, comprados para mim de propósito, porque eu ia chegar cansada. Prefiro que me digam aqui tens flores do que me digam aqui está o jantar.<br />
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Aqui tens flores e uma banheira quente e espuma. Aqui tens flores e velas. Aqui tens flores e chocolates e um beijo. Aqui tens flores porque eu estou triste e não te quero passar a tristeza. Aqui tens flores porque nos quero celebrar. Aqui tens flores porque és forte e lutadora e porque me sinto constantemente a lutar ao teu lado. Aqui tens flores porque és o amor da minha vida. Ou então, só...<br />
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aqui tens flores.Laura S.http://www.blogger.com/profile/12877726250437798865noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-14537522454133947.post-30040330208436523532012-05-18T17:17:00.002+02:002012-05-18T17:27:53.273+02:00Fechou o Crítica na Rede<div style="text-align: justify;">
<a href="http://criticanarede.com/" target="_blank">Fechou o Crítica na Rede</a>, o melhor site de artigos e traduções filosóficas que existe em Portugal. </div>
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O meu conhecimento dele não se deu há mais que cinco anos. Ainda não tinha dado os primeiros passos na Filosofia a sério quando a minha mãe trouxe para casa uns textos - ela faz sempre isso, porque sabia que eu não gostava de ler no computador - sobre ética. Achei engraçado aquele e mais outros que entretanto foram chegando. Chegada ao 10º ano, como já aqui referi, o encantamento foi imediato. Acabei por seguir Filosofia na faculdade e agora aqui estou eu, no dia anterior a um exame, com impressões de textos de teoria do conhecimento à minha frente. </div>
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Foi no silêncio de algumas noites que encontrei o Desidério Murcho, o Rolando Almeida, o Aires Almeida, o Pedro Galvão e tantos, tantos outros filósofos portugueses que eu não fazia ideia que existiam. Curiosamente, os meus professores no secundário nunca falaram da Filosofia em Portugal, da qualidade que esta tinha, e eu manter-me-ia na ignorância se não tivesse tido conhecimento do site. </div>
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Nunca sequer pensei em falar com uma qualquer destas pessoas que mencionei acima. Todos pareciam ter um conhecimento tão vasto e superior, que seria um atrevimento da minha parte dirigir-lhes palavra.</div>
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Explorei a maior parte da secção de ética, de filosofia da mente e de filosofia da religião. Mesmo quando os artigos eram grandes, lia-os até ao fim. Houve trabalhos, recensões e exames que fiz só com textos do crítica como bibliografia, à excepção dos originais. Lembro-me que quando nomeei este blog, foi em 'honra' às críticas de Kant e em segundo lugar, ao Crítica na Rede. Sempre que leio, ambiciono escrever assim e foi com o Crítica que aprendi como organizar um texto.</div>
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Até ao primeiro ano de faculdade, diziam-me: Laura, escreves tão bem. E eu, inchada de orgulho, lá ia escrevendo uns disparates. Fiz o meu primeiro exame de ética e a professora disse-me que não sabia escrever filosoficamente. Foi um choque para mim, galinha emproada caloira de Filosofia. Baixei as armas e fui aprendendo a escrever. No Crítica.</div>
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O meu percurso de Filósofa está longe de estar no fim - será que algum dia acaba? Aliás, ainda há menos de meia década que começou. Mas anseio muito pelo dia em que vou escrever daquela forma e em que vou ensinar e ajudar pessoas que, como eu, estão a dar os primeiros passos na filosofia e não se contentam somente com um curso superior. </div>
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Antes de comprar algum livro, vou sempre ver se a Crítica o recomenda. Thomas Nagel, Peter Singer e Nigel Warburton começaram a ser os eleitos, também pela clareza de argumentos e linguagem. </div>
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Ainda me lembro das duas capas amarelas que fui construindo só com artigos de lá. Tenho muita, muita pena que este site feche, mas é como diz o Rolando: cá esperamos um livro do Desidério de 300 páginas! :)</div>
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Mais informações abaixo:</div>
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http://blog.criticanarede.com/</div>
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http://criticanarede.com/aberta.html</div>
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http://criticanarede.com/filosofica.html</div>
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E já agora, um linkzinho para o bicho de sete cabeças da maioria dos estudantes de Filosofia: http://criticanarede.com/logica.html</div>
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Disfrutem! Há muito para descobrir ;)<br />
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Reproduzo abaixo o texto acerca do assunto, do Rolando Almeida, cujo original se encontra no blog do Crítica.<br />
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<span class="Apple-style-span" style="color: #333333; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, sans-serif; font-size: 15px; line-height: 20px;"></span><br />
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Por volta de 1996-97, o Ministério da Ciência e Tecnologia ofereceu um computador ligado à internet, por rede analógica, a todas as escolas básicas e secundárias do país. Coincidiu com o meu primeiro ano como professor do ensino secundário, após a conclusão do meu estágio profissional. Nesse ano tive uma colocação na pequena e pacata cidade de Lamego. A saída da festa da grande cidade foi alimentada por livros (os primeiros volumes da Filosofia Aberta estavam já no mercado) e pelas noites que passei na biblioteca da escola, após as minhas aulas do dia, sozinho, com a descoberta de centenas de textos de filosofia que antes só muito esporadicamente tive acesso. Uma das minhas descobertas foi o trabalho de Desidério Murcho e dos primeiros passos da Crítica. Na altura, confesso, interessavam-me particularmente das análises críticas ao ensino e ao trabalho dos professores de filosofia. Nunca me passou pela mente, nessa altura, que viria a trabalhar directamente com a Crítica. Uns anos mais tarde estive ausente do ensino da filosofia, tendo regressado por volta de 2005, ano em que contactei de novo com a Crítica e com o manual A Arte de Pensar. Estes contactos seriam a consolidação definitiva já dada com os livros da Filosofia Aberta. Em 2006 já visitava várias vezes por dia a Crítica sempre na ânsia de descobrir novos artigos, novas traduções, que lia com um aguçado e renovado apetite pela filosofia. Pela primeira vez tinha um lúcido encontro com a filosofia. O nome Aires Almeida, nessa altura, ainda era muito desconhecido para mim, mas tive a sorte do Aires se deslocar à ilha da Madeira, onde resido, para fazer um workshop sobre avaliação em filosofia. Foi também a primeira vez que assisti em directo a uma versão plausível de verdadeira didáctica da filosofia, coisa que não tinha observado durante o curso na Universidade. Muitas das coisas ali ensinadas e trabalhadas vieram ao encontro das minhas necessidades como professor e profissional da filosofia e muitas mais colocaram em causa os modelos que até então eu adoptara para avaliar em filosofia.<o:p></o:p></div>
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O Aires no final dessa acção de formação deixou um endereço de e-mail. Quando cheguei a casa apressei-me a escrever-lhe. Não mais o larguei. Ainda hoje recordo um pequeno ensaio de ética que escrevi só para pedir uma correcção ao Aires. De tantos tiques académicos que o artigo tinha, veio cheio de vermelho. Dei-lhe muitas voltas e acabei por desistir. Aquilo não era de facto forma de se pensar filosoficamente.<o:p></o:p></div>
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Decorria ainda o ano de 2005 (se não me engano) e comecei a planificar as minhas aulas de filosofia das quais me ausentara durante quatro anos. Peguei no programa da disciplina e no então acabado de homologar documento sobre as Orientações de Leccionação do Programa de Filosofia e no manual que estava adoptado na escola onde me encontrava a ensinar. Em dois tempos me apercebi que o manual era completamente incompatível com o documento das orientações. Telefonei a um amigo e colega, autor de manuais de filosofia, que me disse o seguinte: “deita todos os manuais que tens ao lixo e pega no Arte de Pensar” (note-te que este autor não é autor do manual A Arte de Pensar, mas de um manual muito distante do Arte). Escrevi á editora do Arte a pedir o manual e a resposta foi que uma vez que o manual não estava adoptado pela minha escola, teria de comprar com um desconto generoso. A revolta não se fez esperar e o imediatismo e falta de tolerância da minha parte fez-me reagir de uma forma violenta com uma teoria da conspiração que, mais tarde me apercebi, causou muita conversa no ensino da filosofia. Quando cheguei à escola dei com o manual A Arte de Pensar. Não recordo bem, mas creio que na altura nem reparei bem que o Desidério Murcho era um dos autores. Levei o manual para casa e coloquei-o, com um sentido de obrigação contrariado, em cima da mesa-de-cabeceira. Recordo que nessa mesma noite me deitei já cansado e peguei pela primeira vez no manual. Não sonhava sequer que estava a começar uma gigante revolução na minha forma de ensinar filosofia aos estudantes do ensino secundário. Nessa noite li o Arte quase de enfiada. Apaguei a luz do quarto com a cabeça demasiado ocupada: como é possível que aquilo que acabara de ler encaixasse tudo tão bem? Onde é que eu tinha andado? Eram nomes e mais nomes de filósofos que eu nunca tinha ouvido falar, argumentos claros e bem expostos, uma escrita absolutamente centrada na filosofia, coisas a fazerem sentido na minha cabeça. Aquilo era muito mais que um delírio interpretativo das coisas: era raciocinar à brava! Era filosofia e o que eu sempre procurei na filosofia: lucidez, clareza, esclarecimento, rigor. Carambas, farto de conversa fiada andava eu. Sempre soube que era um engano. Que vergonha senti! Um modus tollens? De facto falaram-me nisso nas aulas de lógica no curso, mas nunca tinha percebido para que é que tal coisa servia.<o:p></o:p></div>
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O resto do percurso é público. Nesse mesmo ano senti-me de tal modo confortável com a filosofia que comecei a sair da caverna e a deixar de ter medo de falar de filosofia. Não perdia uma oportunidade de falar da minha disciplina. A vergonha (que ainda hoje a sinto) é que aprendi filosofia com um manual para adolescentes e com uma revista que tinha imensos artigos interessantes a devorar.<o:p></o:p></div>
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Em 2007 tive a sorte de fazer uma formação em lógica com o próprio Desidério. Nessa altura eu já tinha consolidado o que queria fazer com a filosofia, mas faltava-me afinar um instrumento, a lógica. Sem ela, ser-me-ia mais difícil aceder a determinados conteúdos. A formação do Desidério veio a calhar. Nesse mesmo ano e seguinte comecei a olhar para os manuais de filosofia e a reparar que uma boa parte deles tinham erros grosseiros, coisas que não ofereciam qualquer consistência e rigor, razão que me levou a querer publicar análises aos manuais.<o:p></o:p></div>
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O Desidério anunciou-me o fecho da Crítica. Não o lamento. Nunca esperei que durasse sequer tanto tempo. Eu próprio já teria provavelmente desistido antes e só um grande amor á filosofia pode explicar a dimensão do trabalho. Como eu disse ao Desidério quando ele me anunciou que iria encerrar a revista, “ A Crítica foi a minha Oxford de filosofia”. E foi.<o:p></o:p></div>
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Foi na Crítica que tirei o meu curso de filosofia. E ao trabalho da Crítica, de todos os autores que lá publicaram, ao Desidério Murcho tenho aqui publicamente a oportunidade de manifestar a minha enorme gratidão. O conhecimento é de facto a melhor dádiva que um ser humano pode oferecer a outro. Mesmo não sendo muito dado a homenagens, teria de agradecer publicamente tudo o que esta revista me deu. Parabéns a todos. Obrigado. Agora, toca a estudar. </div>
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<a href="http://blog.criticanarede.com/" target="_blank">Fonte</a></div>
</div>Laura S.http://www.blogger.com/profile/12877726250437798865noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-14537522454133947.post-22000500824667158602012-05-16T13:18:00.003+02:002012-05-16T13:18:17.123+02:00Beijinhos, até já*<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://www.armenianweekly.com/wp-content/uploads/2012/04/book.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://www.armenianweekly.com/wp-content/uploads/2012/04/book.jpg" /></a></div>
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Até dia 20 de Maio ;)</div>Laura S.http://www.blogger.com/profile/12877726250437798865noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-14537522454133947.post-77136720525432214832012-05-13T21:07:00.002+02:002012-05-13T21:07:34.478+02:00Histórias de escola #6 - o meu primeiro namorado<div style="text-align: justify;">
Estava eu no final do primeiro período do 5º ano, tinha dez anos e o mimo no corpinho a dar c'um pau. Fazia teatro, que fiz até aos 16/17 anos, quando entrou um rapaz novo, moreno, de olhos verdes e cabelo preto para a peça que fazíamos na altura. Como eu tinha ido à do meu pai, só o conheci depois de as minhas amigas já o terem conhecido. Muito me falavam elas, que ele era lindo, fantástico, inteligente, bla bla bla. Mas verdade seja dita, eu não estava assim tão curiosa. Até que nos apresentaram. Lembro-me que foi na carrinha do teatro a primeira vez que nos vimos.</div>
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Daí até às férias foi um instante.</div>
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O serviço da minha mãe costuma organizar todos os anos uma festa de Natal. Curiosamente, esse tal rapaz era filho de uma das pessoas que trabalhava com a minha mãe. Como era festa mais formal, lá fomos nós todos aperaltados. Eu e outras crianças que por lá estavam jogámos a um jogo que não vale a pena estar a explicar, em que o resultado foi ele a ajoelhar-se à minha frente e a dizer que os meus olhos eram tão bonitos como o chocolate. O meu primeiro pensamento na altura nem foi que estava muito apaixonada, mas que realmente era um bom elogio. Pode dizer-se que os azuis são como a água, os verdes, como os campos, mas nunca me tinha ocorrido um elogio aos olhos castanhos! Derreti - apropriado. </div>
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<br /></div>
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Nessa noite, saímos namorados da festa, sem beijinhos, sem mãos dadas, sem nada. Só assim uma coisa oficial, que eu não queria cá confianças.</div>
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Foi também por essa altura que começou a saga dos aparelhos nos dentes. Como morávamos longe, eu escrevi-lhe uma carta a dizer que esperava que ele não acabasse comigo porque eu agora falava diferente. Ele respondeu-me que não fazia mal - oh tão querido - e que também esperava que eu não acabasse com ele porque naquele período, tinha tido seis negativas. Seis. Começaram a tocar os meus apitos, mas como boa mulher que era em início de carreira amorosa, não liguei nenhuma aos sinais óbvios. </div>
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As nossas mães, deliciadas, calculo, decidiram que devíamos fazer um jantar de dia dos namorados. E nós concordámos. Eu ofereci-lhe um perfume - comprado pela minha mãe, já se vê! - e ele ofereceu-me uma vela de cheiro. Ao fim ao cabo, estávamos destinados, pensei eu. Passou o jantar do dia dos namorados e nem um único beijo trocámos.</div>
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Tempos depois - passávamos meses sem nos vermos, agora que penso nisso! E nem falávamos todos os dias... que triste - ele decidiu vir à minha cidade. Estava deserta, como sempre, quando eu decidi que o ia beijar. Lá me preparei toda, lavei os dentes umas trinta vezes e quando ele chegou... vinha com um pacote de batatas fritas - que eu odeio - com sabor a sal e vinagre! NÃO! Não podia ser.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas Laura, eu mesma, não podia ter tido uma ideia melhor. O meu plano B, se não nos beijássemos, era fazer subir as negativas dele. Como? Levando-o à casa da cultura, pois claro. <s>Sou tão inteligente que até arrepia. </s>Vimos um presépio que se mexia, <s>uau, que programa romântico fascinante!</s> passeámos e lá fui eu para casa completamente arruinada pelos meus planos terem falhado.</div>
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<br /></div>
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O último dia da relação foi quando fiz onze anos - que crescida!</div>
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Ele tinha-me dito que não podia vir ao meu aniversário porque tinha um acampamento de escoteiros e eu passei a semana antes muito irritada. Chegou o dia dos anos e ele apareceu...tarde, mas apareceu. Que frustração! Primeiro tinha dito que não vinha e agora vinha de surpresa como se fosse um super herói? <s>mente feminina</s></div>
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<br /></div>
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Peguei na prenda, chamei a Filipa, a minha melhor amiga até hoje, e fomos para o meu quarto abrir. Eram dois ursinhos de peluche com um coração no meio a dizer 'amo-te'. <s>Não vou comentar.</s></div>
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<br /></div>
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No dia seguinte, acabámos. Ou melhor, ele acabou comigo. Mandou-me um mail a dizer que já não gostava de mim. Assim, simples e clean. Eu levantei-me da secretária, fui para o meu quarto e berrei a plenos pulmões enquanto a minha mãe via a filhinha a sofrer o seu primeiro desgosto amoroso. E lembro-me que me disse que aquele era só o primeiro, que ainda ia ter muitos. <s>Obrigada mãezinha, pela tua sapiência na minha altura de tormento e dor.</s></div>
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<br /></div>
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Mais tarde, uns cinco anos depois, quando a minha concepção de amor exigia alguém diferente do primeiro rapaz, vim a saber pela mãe dele que ela o pressionava sempre comigo para ter boas notas. Ou seja, dizia 'a Laura tem boas notas, porque é que tu não tens?' e ele fartou-se. Foi a única forma de eu o perdoar por ter acabado comigo por mail. Cinco anos depois. </div>
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<br /></div>
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Há cerca de um ano voltei a encontrá-lo no facebook. Penso que não acabou o secundário e neste momento, trabalha num supermercado no Porto. Fiquei triste por ele, mas também sei que não gostava de estudar. É pena... </div>
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Vi umas fotos com uma guitarra. Pode ser que seja bem sucedido na música. </div>
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Afinal as pessoas não mudam assim tanto. Eu não deixei de ser mimada e ele nunca gostou de estudar.</div>
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Para os curiosos, nunca nos beijámos e até hoje guardo com carinho a vela que me ofereceu no dia dos namorados.</div>Laura S.http://www.blogger.com/profile/12877726250437798865noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-14537522454133947.post-50683507153800754672012-05-11T22:32:00.004+02:002012-05-11T22:32:58.294+02:00Acerca do Poliamor<div style="text-align: justify;">
No outro dia, há menos de uma semana, conversava com A. acerca da possibilidade de podermos amar alguém para além da pessoa com quem namoramos. A minha opinião foi determinada e explícita: não podemos. É impossível amarmos alguém que não seja uma pessoa. Sempre me convenci disto e condeno - mesmo agora - severamente uma traição, seja ela de que índole for (para além de que a minha capacidade de perdão é bastante limitada). Ontem voltámos a tocar no assunto, já não sei bem a que propósito, mas a conclusão foi a mesma. O amor está só condensado e trabalhado entre duas pessoas. Se aparecer uma terceira, é infidelidade e a relação acaba.</div>
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<br /></div>
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No dia de hoje, acordei com uma gripalhada de todo o tamanho, calor e a vontade de estudar a tender para o menos infinito. Toca de abrir facebook, quando me deparo com uma reportagem do P3 - coloco links no final do post - acerca do poliamor. Que caramba! Eu que tenho a mania que tenho ideias formadas sobre tudo e que nada me pode demover - convencida, verdade -, apercebo-me que nunca tinha pensado realmente a sério sobre o assunto. Resultado: acabei por ler a reportagem, estive em todos os links sugeridos e links dos links, adicionei as pessoas que tinham decidido dar a cara no facebook e toca de investigar sobre um assunto que era, nitidamente, um preconceito na minha cabeça. <s>É claro que durante umas três ou quatro horas não abri um único apontamento, mas isso não interessa nada.</s></div>
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<br /></div>
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A primeira pessoa que nos aparece na reportagem é o Daniel. Curiosamente, eu conheço esta pessoa de manifestações, mas nunca me tinha perguntado que estilo de vida amorosa leva. Aliás, verdade seja dita, nunca nos perguntamos se a pessoa x namora com duas, três ou vinte pessoas. </div>
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Este rapaz, professor universitário, namora com duas raparigas e pelo que percebi, fazem parte do PolyPortugal, um blog que explica de uma forma muito descontraída acerca do que é isto de poliamor. Segundo ele, é realmente possível amar duas pessoas ao mesmo tempo. </div>
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Perguntei-me: mas o que é que tu, Laura, sabes sobre amar duas pessoas? Se é verdade que até agora nunca me aconteceu, não significa que não me vá acontecer um dia e, mais do que isso, não significa que não aconteça a outras pessoas! Se eu agora sou monogâmica e se não quero mais ninguém na minha relação, isso não é sinónimo para que um dia não o seja. Como é que algum dia eu pude ter cabeça para julgar quem ama quem, de que forma? Se a relação funciona a dois, a três a quarenta mil, why not? Ainda por cima, dado tudo o que eu defendo sobre LGBTTQ (lésbicas, gay, bissexuais, transgéneros, transsexuais e queer). Fiquei decepcionada comigo.</div>
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<br /></div>
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Entretanto, li alguns comentários sobre os possíveis filhos das constelações - nas relações poliamorosas, não se chama casal e, a meu ver, para além de muito mágico, o nome constelação assenta que nem uma luva na relação - que iam sair traumatizados, bla bla bla. A história acaba por ser a mesma do que nos casais gay, mas com um lado bastante mais positivo: há mais uma pessoa para ajudar a tratar e a educar a criança. Porque convenhamos: qual é a mãe que não anseia por mais uns braços enquanto o marido ressona, para a ajudar a cuidar do crianço que não se cala? Na verdade, o único aspecto negativo que vejo é o de as criancinhas serem gozadas na escola, mas quanto a isso, nada se pode fazer, já que qualquer criança é gozada por qualquer coisa que não seja a orientação sexual ou estilo de relação que os pais levam.</div>
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Para finalizar, gostava de explicar que não estou a apoiar que as pessoas andem aí feitas prostitutas a andar de um lugar para o outro a ter trezentas relações ao mesmo tempo e só porque elas sabem todas umas das outras, está bem. Estou a dizer que, embora isto possa acontecer, o sentimento de amor não tem que ser exclusivo a uma pessoa - embora, repito, para mim sempre tenha sido e neste momento, é - e se isso acontece com mais Daniéis do que se pensa, então força! Na verdade, o que queremos todos é ser felizes e se essa felicidade não puser em causa a felicidade de outros - nã nã, não me venham com o argumento de que as crianças vão ser infelizes! Ler o parágrafo acima! - então não há o mínimo problema.</div>
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<br /></div>
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Também não estou a apoiar a infidelidade. Antes pelo contrário! Estou a defender que uma relação pode ter 'pés e cabeça' se todos souberem de todos e se todos CONCORDAREM com o tema em questão.</div>
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Hoje sinto-me uma pessoa mais aberta, mais tolerante e sobretudo, feliz por constatar que as opiniões mais cerradas são possíveis de mudar. Basta informarmo-nos um bocado sobre o assunto :)</div>
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Abaixo coloco os links que consultei. </div>
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<a href="http://p3.publico.pt/actualidade/sociedade/2996/poliamor-o-amor-nao-se-divide-multiplica-se" target="_blank"><b>A reportagem #1</b></a><b> </b></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="http://polyportugal.blogspot.pt/" target="_blank"><b>Site PolyPortugal</b></a><b> (basicamente neste site estão reportagens, debates e textos de apoio que direccionam para outros sites interessantes. Vale mesmo a pena dar uma olhadela, que explicam muito melhor que eu.)</b></div>
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<br /></div>
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E se por acaso algum dia for preciso <i>dar a cara pela causa</i>, digo já que não tenho o mínimo problema - agora sinto-me uma espécie de convertida a uma religião em que tudo é fantástico, mas claro que não é disso que se trata.</div>Laura S.http://www.blogger.com/profile/12877726250437798865noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-14537522454133947.post-6914645487238804092012-05-02T16:00:00.002+02:002012-05-02T19:48:12.272+02:00Sobre o Pingo Doce (e Kant metido ao barulho)<div style="text-align: justify;">
Ultimamente não tenho ido ao Facebook por estar a estudar, mas não dispenso as minhas visitas diárias pelos blogues. Ontem fiquei estupefacta por ver que cada blogue ao qual eu costumo ir falava sobre o Pingo Doce! O Pingo Doce, para quem não conhece, é uma cadeia de supermercados em Portugal que decidiu, no dia 1 de Maio, fazer uma campanha na qual atribuíam um desconto de 50% a quem fizesse compras a parir de 100 euros. </div>
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Pretendo analizar a intenção da acção e a acção em si.</div>
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<br /></div>
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<u>A intenção</u></div>
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É verdade que penso que a maior parte das acções se julga pela sua intenção e esta não foge à minha kantiana regra. Com toda a certeza a intenção do grupo Jerónimo Martins (JM) foi ganhar mais dinheiro do que o costume, pôr a andar produtos junto ao final de prazo e fazer com que as pessoas gastassem o que em situações normais não gastariam. Ouviu-se falar de pessoas que fizeram 400 e 500 euros em compras, pagando por estes, 200 e 250 euros, respectivamente. Acho que, para uma companhia cujo slogan é qualquer coisa como 'sem cartões, sem talões, sem (qualquer coisa acabada em -ões, com o mesmo sentido)', está errado abrir um dia de promoçÕES ainda por cima passando pela fase política, económica e social por que passamos.</div>
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Porque se é um facto de que há gente que não tem que comer, também é verdade que é um facto que foi um boicote de todo o tamanho à noção de greve, o que fez com que os esfomeados abdicassem da sua dignidade e fossem, quer trabalhar, quer ao supermercado, nestas circunstâncias. </div>
<div style="text-align: justify;">
Já é conhecido o dito de que com migalhas se alimenta o povo, ou aquele em que diz que não custa obedecer quando se quer mandar e foi exactamente isto que se passou. Usou-se sem qualquer noção de dignidade, intencionalmente, as pessoas. E como elas não devem ser meios somente para obtermos aquilo que desejamos, senão fins em si mesmas, então esta acção é condenável da parte do grupo JM.</div>
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<br /></div>
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<u>A acção</u></div>
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Li por aí que há quem defenda que foi uma boa ideia porque se aproveitou um feriado e assim ninguém estava a trabalhar. Esta posição está errada por imensos motivos. Em primeiro lugar, os empregados do Pingo Doce estavam a trabalhar e provavelmente a ganhar mais do que em dias de trabalho normais e depois, porque o feriado que se celebrava não era um qualquer feriado 'recente' nem sem conotações politico-sociais. Era o feriado do Trabalhador, o feriado onde não se trabalha por se celebrar o dia do Trabalhador. Era o feriado onde se celebrava uma conquista de liberdade que foi completamente aniquilada por esta acção Pingo Doce. E depois, porque mesmo que se tivesse realizado a acção noutro dia qualquer, as pessoas teriam ido na mesma ao supermercado. </div>
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Creio que esta análise está bem pequena e explícita:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #222222; line-height: 22px;"><i><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Courier New', Courier, monospace;">Por muita repugnância que nos causem os descontrolos consumistas (a mim, causam), é preciso manter a calma suficiente para perceber que o essencial não é necessariamente o mais visível. A </span></i><i><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Courier New', Courier, monospace;">reflexão do Sérgio Lavos</span></i><i><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Courier New', Courier, monospace;"> sobre a bomba do Pingo Doce ajuda a perceber que pode não ser produtivo limitarmo-nos a apontar o dedo aos demais. Falta-lhe, a meu ver, uma menção explícita ao carácter simbólico da escolha do primeiro de Maio para festa do consumo. É que tentar riscar datas do calendário, para lá colocar brindes de supermercado que fazem os compradores correr e arfar, vale mais, para certos "empresários", do que qualquer objectivo comercial. Sim, porque quem tem muito dinheiro gosta, frequentemente, de o gastar em ideias - em geral, nas suas ideias acerca do valor intrínseco do seu dinheiro.<br style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;" />O Pingo Doce não é um caso de polícia, é um caso de sociedade.</span></i></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #222222; line-height: 22px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><i><br /></i></span></span></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #222222; font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small; line-height: 22px;"><i><a href="http://maquinaespeculativa.blogspot.com.es/2012/05/e-se-o-pingo-doce-tivesse-escolhido-o.html" target="_blank">Fonte</a></i></span></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #222222; font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small; line-height: 22px;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #222222; font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 22px;">O que se passa é que parece que ninguém percebeu que foi para casa com montes de produtos os quais não são necessários. Não me vou armar em santa e dizer que não compro produtos desnecessários. Neste mesmo momento estou a ouvir música com uns phones enquanto na minha secretária pousa outro par que, como é óbvio, não uso ao mesmo tempo que estes que estou a usar agora. Mas o problema é ninguém quis saber dos direitos de ninguém, ninguém quis saber onde é que vai parar o dinheiro que o PD ganhou com esta acção. Muito reclamam nas manifs (das quais eu também participo) acerca dos direitos dos trabalhadores, acerca do dinheiro que ganham as grandes empresas... mas depois, não consigo compreender onde é que estão os valores que tanto defendem!</span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #222222; font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 22px;">Abaixo segue um excerto:</span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #222222; font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 22px;"><br /></span></span><br />
<div style="text-align: right;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #222222;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 22px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #333333; line-height: 27px;"><i><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Courier New', Courier, monospace;">Mas tenhamos uma coisa em mente: nas alegorias políticas em forma de filme de zombies de George Romero, </span></i></span></span></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #222222;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 22px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #333333; line-height: 27px;"><i><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Courier New', Courier, monospace;">os mortos-vivos acabam quase sempre por ganhar </span></i></span></span></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #222222;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 22px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #333333; line-height: 27px;"><i><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Courier New', Courier, monospace;">consciência e tomar conta de tudo. </span></i></span></span></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #222222;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 22px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #333333; line-height: 27px;"><i><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Courier New', Courier, monospace;">Os neoliberais contentinhos com o êxito passageiro de </span></i></span></span></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #222222;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 22px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #333333; line-height: 27px;"><i><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Courier New', Courier, monospace;">Soares dos Santos poderão ser os humanos do futuro, carne para os zombies de agora. Nada dura para sempre.</span></i></span></span></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #222222;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 22px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #333333; line-height: 27px;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><i><br /></i></span></span></span></span></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #222222;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 22px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #333333; line-height: 27px;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><i><a href="http://arrastao.org/2518513.html" target="_blank">Fonte</a></i></span></span></span></span></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #222222;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 22px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #333333; line-height: 27px;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><br /></span></span></span></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #333333; font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 27px;">Quanto a mim e à minha tomada de decisão: há pouco tempo, antes de vir para Espanha, tinha ficado fã do Pingo Doce porque os preços eram realmente mais baixos em comparação aos preços praticados pelo Continente. Mas hei-de arranjar outro supermercado, minimercado, o que seja. Porque não creio que lá volte a pôr os pés, tal é a falta de dignidade que teve. Pessoalmente senti-me melindrada pelas intenções que julgo terem estado por trás da acção. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #333333; font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 27px;">Como disse: com migalhas se alimenta o povo.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #333333; font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 27px;">Mas isto sou eu.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #333333; font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 27px;"><br /></span></span><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://janusaureus.files.wordpress.com/2012/01/magritte-ceci-nest-pas-un-pipe-rene-magritte.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="441" src="http://janusaureus.files.wordpress.com/2012/01/magritte-ceci-nest-pas-un-pipe-rene-magritte.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">'Com papas e bolos se enganam os tolos'</td></tr>
</tbody></table>
<span class="Apple-style-span" style="color: #333333; font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 27px;"><br /></span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #333333; font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 27px;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 27px;"><span class="Apple-style-span" style="color: orange;">(O texto, a partir das citações, ficou formatado de uma forma estranha, mas realmente não sei como formatá-lo de forma a que fique todo por igual. Peço desculpa.)</span></span></span></div>
</div>Laura S.http://www.blogger.com/profile/12877726250437798865noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-14537522454133947.post-47301490049898457602012-04-30T17:04:00.001+02:002012-04-30T17:04:10.750+02:00Sobre a história vivida<div style="text-align: justify;">
Quando era pequenina, vivia só com a minha mãe e durante dois ou três anos andámos por Portugal a viver em diversos sítios. Guardo memórias bastante nítidas desses tempos, até um dia irmos para os Açores e por lá ficarmos até eu entrar na faculdade. </div>
<div style="text-align: justify;">
Não me lembro de alguma vez a minha vida ter sido parada, monótona ou chata. Lembro-me de me aborrecer com momentos monótonos, mas no geral, ela não o foi. Acho que é preciso ter um grande sentido de história para não deixar que os filhos caiam em rotinas. Por sentido de história, quero dizer sentido de que se não estivermos com atenção às coisas, elas passam por nós sem darmos por isso. Sei que soa a <i>cliché</i>, a verdade garantida, mas não é assim tão garantida quanto isso. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Toda esta conversa vem a propósito do que eu pensei no outro dia. Falava com A. sobre educar os nossos filhos e sobre termos que lhes explicar aquilo que eu mesma vivi, aquilo por qual passámos. Ter que explicar o 11 de Setembro, aquilo que vimos na televisão, as mudanças que a partir daí foram criadas, a desculpa para odiarem Muçulmanos da mesma forma que no tempo da minha mãe ou avó se odiava pretos. Ser preto era depreciativo, da mesma forma que viver 'lá para as arábias' é sinónimo de não ter alma. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E tudo isto vamos explicar com vontade, com emoção... até eles olharem para nós e dizerem, sem qualquer expressão: mas o professor disse que isso não é importante e que não sai no teste...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>Laura S.http://www.blogger.com/profile/12877726250437798865noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-14537522454133947.post-16489801339675867772012-04-29T17:50:00.002+02:002012-04-29T17:50:46.279+02:00O rapaz do café<div style="text-align: justify;">
Há um rapaz que está sentado no sofá à minha frente, no café. Veste umas calças brancas, de ganga, um blazer preto às riscas verticais finas e brancas também e exibe o ar descontraído que a t-shirt lhe confere. É novo, não tem mais que vinte e cinco anos. De vez em quando, beberica o café e come um bolo. Se fosse português, provavelmente beberia um galão e um bolo de arroz. Escrevinha num caderno A4, com uma capa tão estilosa como ele. É bonito. </div>
<div style="text-align: justify;">
As linhas da sua cara e a boca fina exibem concentração forçada. Tenta escrever, mas não consegue. Às vezes olha para mim, mas não faz ideia que escrevo sobre ele. Procura qualquer coisa na agenda ou num livro de design. Bebe outra vez café e neste momento estou a perguntar-me que raio se passa ali. Olha para as horas, põe um bocado gigante de bolo na boca, faz bochechas, molha com café, engole. Respira fundo, muda de página e recomeça.</div>
<div style="text-align: justify;">
O ar cheira a canela e eu em vez de estudar, estou a escrever sobre o desconhecido com estilo que está à minha frente no café. Põe açúcar. Levanta-se, pousa o caderno.</div>
<div style="text-align: justify;">
Espreito.</div>
<div style="text-align: justify;">
Afinal está a desenhar. A mesa que nos separa, o chão e o meu pé.</div>
<div>
<br /></div>Laura S.http://www.blogger.com/profile/12877726250437798865noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-14537522454133947.post-30889964396121010842012-04-28T21:18:00.000+02:002012-04-28T21:18:00.309+02:00Um bocadinho de mim #1<div style="text-align: justify;">
Sempre foi meu desejo estudar fora do país, um dia trabalhar noutra língua, noutra cultura, com outro tipo de pessoas. Sempre achei que Portugal era pequenino e as gentes, embora bondosas, tinham pouca cabeça e eram poucochinhas. Lembro-me de muitas vezes estar a estudar e o que me fazia não parar era o facto de um dia poder sair dali, ter boas notas e nunca mais em Portugal pôr os pés. Houve muita gente que depreciei mentalmente por não terem os mesmos objectivos que eu ou, como costumava dizer, por não terem a mente aberta.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Entrei na faculdade num ano par. E assim que entrei, decidi que ia fazer <i>erasmus</i>. Engraçado que, embora a entrada na faculdade fosse para mim o final da linha, já que nunca tinha pensado no que queria fazer depois dela, eu não me sentia minimamente pressionada por, pela primeira vez, não ter planos para o futuro. Julgava que havia de chegar o meu momento e que só teria que dar o meu melhor. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas se o momento em que decidi que ia tirar o curso de Filosofia foi na minha primeira aula desta disciplina - um dia conto - o momento em que decidi ser Consultora Filosófica foi tão rápido como o primeiro. Era uma Quarta-feira de Inverno e eu só tinha aquela aula naquele dia. Ainda me perguntei se valia a pena sair de casa com toda aquela chuva para ir a uma aula onde o professor era confuso e estranho, para depois voltar para casa sem ter aprendido nada. No entanto, como usualmente me sinto culpada por não ir às aulas, cedi.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Entrei já atrasada e ao que parece o professor tinha convidado uma senhora chamada Conceição Machado para dar a aula por ele. Era sobre consultoria filosófica, assunto sobre o qual eu já tinha lido um ou dois livros mas pouca atenção tinha prestado. Absorvi tudo o que disse e no final, simulámos uma consulta. Curiosamente, eu 'fiz de' consultora filosófica, no meio de outros que também queriam fazer. No final, enchi-me de coragem e fui falar com a senhora, sendo que lhe pedi o contacto. Mais tarde, soube que conhecia o meu pai há algum tempo. Foi aí que decidi, nesse momento, que o que queria era trabalhar com a mente e as emoções das pessoas e ser capaz de as compreender. Há quem diga que quanto mais conhece as pessoas, mais gosta dos animais. Eu, quanto mais conheço as pessoas, mais gosto de pessoas. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Entretanto, mais ou menos por essa altura, namorava. Uns meses depois rompemos e eu sofri um desgosto de amor gigante durante pouco menos de um ano, mais tempo do que tínhamos andado. No dia seguinte a termos acabado, pus os papéis para erasmus, inscrevi-me num curso de língua e hasta la vista Portugal. Era agora que ia começar a minha nova vida, era agora que ia insistir na minha carreira e era agora que ia investir em mim. </div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Cheguei ao meu destino e não gostei imediatamente de estar neste país. Mas estava finalmente sozinha, sem conhecer ninguém, a ver se me passava o desgosto e se tomava conta de mim como devia ser. </div>
<div style="text-align: justify;">
Vir-me embora não é a expressão certa - eu fugi de Portugal. Afinal o meu sonho de vir para outro país estudar feliz e contente tinha-se transformado numa fuga da mágoa que sentia e achava que ela ia ficar em Portugal enquanto eu vinha tratar de outros assuntos noutro lado. Mas não foi isso que aconteceu e a lição mais valiosa que tirei de toda a experiência foi que a distância adoça o que é tendencialmente doce e amarga o que ainda está por amargar. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Foi aqui que me dei conta que vivi toda a minha existência a menos de 20km de distância da pessoa com quem actualmente namoro. Foi aqui que me apercebi que estivémos nas mesmas festas, conhecemos as mesmas pessoas e temos os mesmos interesses sem nunca nos termos conhecido. E foi aqui que pela primeira vez senti umas saudades loucas de Portugal, sendo que a primeira vez que lá voltei, no Natal, chorei de alegria.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O desgosto de amor passou.</div>
<div style="text-align: justify;">
O amor que eu tinha 'em excesso' dentro de mim, pôde ser libertado.</div>
<div style="text-align: justify;">
Os planos para o meu futuro são cada vez mais reais e concretizáveis.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Isto tudo veio porque eu fui cobarde e vim esconder-me noutro país, que só me demonstrou que tinha as portas todas abertas. O problema era que não sabia para onde me virar.</div>
<div style="text-align: justify;">
A distância magoa muito actualmente... mas fez milagres em menos tempo do que eu esperava.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não é por isto que eu deixo de querer trabalhar fora do país nem é por isto que eu acho que a minha vida está completamente definida. O que me ensinou é que é bom ter planos e sermos fiéis a eles, mas a vida dá muitas voltas que nós mal percebemos. Ainda parece que ontem entrei neste quarto, desolada, tristonha, sob um sol de final de tarde de verão. Foi esse o último dia em que vi o meu pai e foi nesse dia que a minha vida começou a sofrer um impulso que eu não poderia sequer imaginar. Se me tivessem dito que sete meses depois iria estar onde estou, ter-me-ia rido e encolhido os ombros. </div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nem tudo é preto. Nem tudo é branco. Mas sem dúvida, tudo está encaixado.</div>Laura S.http://www.blogger.com/profile/12877726250437798865noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-14537522454133947.post-49554358801158561962012-04-28T16:59:00.000+02:002012-04-28T16:59:02.486+02:00A message / um recado<div style="text-align: justify;">
Hello sweet ones! This is not 'the' post for today, but I was reading the statistics of my blog and I figured that the second country that visits the most is USA! So... I'd like someone to write me (<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">criticadarazaointerior@hotmail.com</span>) just to let me who are you :) </div>
<div style="text-align: justify;">
I'd be glad to 'see' some faces, since I do not allow comments here. Thanks very much.</div>
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<br /></div>
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E agora é que me apercebi que se este blogue é em portuguÊs, então quer dizer que as pessoas lêem em português... e não havia necessidade de sacar do bolso o meu inglês rafeiro para dizer o que queria dizer... Oh well... escrevam-me se forem dos EUA :) </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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**</div>Laura S.http://www.blogger.com/profile/12877726250437798865noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-14537522454133947.post-39450751015399996582012-04-28T02:12:00.000+02:002012-04-28T02:12:01.287+02:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyAKhRmK8KRTPP_CQHIrE_6IYORP8dQoo-YwbSmKxOTYjqdybISx56LMMEK4JLqcoJSPVCcVo9wBSdAvq4jIv8owZGSQS6IRTT-GN4CE-0-Ac00PIK9s5kaBHMSvDnW6H2f7WGRSYuwhA/s1600/Captura+de+ecra%CC%83+-+2012-04-28,+02.13.10.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="43" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyAKhRmK8KRTPP_CQHIrE_6IYORP8dQoo-YwbSmKxOTYjqdybISx56LMMEK4JLqcoJSPVCcVo9wBSdAvq4jIv8owZGSQS6IRTT-GN4CE-0-Ac00PIK9s5kaBHMSvDnW6H2f7WGRSYuwhA/s400/Captura+de+ecra%CC%83+-+2012-04-28,+02.13.10.png" width="400" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
<span class="Apple-style-span" style="font-size: xx-small;"><br /></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-size: xx-small;"><span class="Apple-style-span" style="color: #b45f06;">(Prometo um fantástico [mesmo!] post para amanhã)</span></span>Laura S.http://www.blogger.com/profile/12877726250437798865noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-14537522454133947.post-39512601635111010592012-04-25T22:16:00.003+02:002012-04-25T22:16:25.668+02:00As mãos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_4A7BKKkqdWrYQoP0lVjUnmgLhSTtrsWfdl1EQbR9wGUqyoekZnd4c7ZTAGc-iQdfDNkFeRrE89JpdGNE_Gz4M344lEKiqih5TsdyZuIMYuErIJK1BwEDLizFAirnZG1U7uWFRTJZ6r0/s1600/Captura+de+ecra%CC%83+-+2012-04-25,+22.13.19.png" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_4A7BKKkqdWrYQoP0lVjUnmgLhSTtrsWfdl1EQbR9wGUqyoekZnd4c7ZTAGc-iQdfDNkFeRrE89JpdGNE_Gz4M344lEKiqih5TsdyZuIMYuErIJK1BwEDLizFAirnZG1U7uWFRTJZ6r0/s1600/Captura+de+ecra%CC%83+-+2012-04-25,+22.13.19.png" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">As mãos foram feitas<br />Para trazer o <u>futuro</u><br />(...)<br />Pensamento entreaberto<br />até aos dedos longos<br />Pelas coisas fora<br />Pelos anos dentro<br /><br /><span class="Apple-style-span" style="font-size: xx-small;">Vítor Matos e Sá</span><br /></td></tr>
</tbody></table>
<br />Laura S.http://www.blogger.com/profile/12877726250437798865noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-14537522454133947.post-2105197955883823082012-04-25T20:53:00.002+02:002012-04-25T20:53:50.340+02:00<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-gEb5CowztSxvzTl2Iz81_1B-R7rPGfWl_fGWP4PuUfNNe57E8pWJgcz6qyJ6b9u8zkxO1fBecSGZBXvQQoN47yc6B3Uwz5d0VW_EQ0RYyB81l91jtmOS8C0P2DpotGRXzdB9d3ZyqA/s1600/cravo_vermelho.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-gEb5CowztSxvzTl2Iz81_1B-R7rPGfWl_fGWP4PuUfNNe57E8pWJgcz6qyJ6b9u8zkxO1fBecSGZBXvQQoN47yc6B3Uwz5d0VW_EQ0RYyB81l91jtmOS8C0P2DpotGRXzdB9d3ZyqA/s1600/cravo_vermelho.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Que um dia eu possa ser eu.</td></tr>
</tbody></table>
<br />Laura S.http://www.blogger.com/profile/12877726250437798865noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-14537522454133947.post-1876799827511751292012-04-24T22:55:00.000+02:002012-04-24T22:55:15.134+02:00Por ora...<div style="text-align: justify;">
No outro dia, em conversa amena e desajeitada, perguntaram-me o que é que era preciso para se gostar de Filosofia. Respondi que havia dois factores decisivos. Aliás, três. Gostar de ler, gostar de escrever e gostar de conhecer. Perguntaram-me se era assim tão simples e eu encolhi os ombros e pensei que de simplicidade isto nada tem. </div>
<div style="text-align: justify;">
E comecei a pensar... há quanto tempo não leio um livro que não seja ensaio explícito, diálogo antigo ou artigo filosófico? Porque se é verdade que leio e escrevo todos os dias, dei-me conta que me está a fazer falta um daqueles livros de tirar a respiração, de ficar agarrado. Os últimos que li, que reli, não tiveram o mesmo sabor do que quando li pela primeira vez.</div>
<div style="text-align: justify;">
Como me fazia falta a experiência da leitura despreocupada e somente por prazer, peguei n' A Montanha Mágica, esse clássico que já devia ter lido há muito tempo e não posso acabar a faculdade sem o fazer. Segue-se 'Guerra e Paz'. </div>
<div style="text-align: justify;">
E o que mais vier.</div>Laura S.http://www.blogger.com/profile/12877726250437798865noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-14537522454133947.post-14070457979277882922012-04-24T22:38:00.005+02:002012-04-24T22:38:41.474+02:00<i>Always the years between us. <b>Always the love</b>. Always the hours.</i><br />
<i><br /></i><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://www.kersaber.com/wp-content/uploads/2011/09/Orqu%C3%ADdeas-como-cuidar-bem-da-planta1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://www.kersaber.com/wp-content/uploads/2011/09/Orqu%C3%ADdeas-como-cuidar-bem-da-planta1.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>And love is shinning through all things.<br />I will be true to you. Whatever it comes.</i><br />Despite my sadness. <b>Beyond the hours.</b></td></tr>
</tbody></table>
And you went to buy me flowers.Laura S.http://www.blogger.com/profile/12877726250437798865noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-14537522454133947.post-62206368885060843142012-04-24T09:51:00.001+02:002012-04-24T09:51:17.678+02:00São os tempos, senhor<br />
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">
«- Como se chama a aldeia que se vê lá em baixo?<br />- Comala, senhor.<br />- Tem a certeza de que já é Comala?<br />- Tenho, senhor.<br />- E porque é que tudo parece tão triste?<br />- São os tempos, senhor.» (pp. 6)</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">
<em>Pedro Páramo</em>, <strong>Juan Rulfo</strong> (Tradução de Rui Lagartinho e Sofia Castro Rodrigues, Ed. Cavalo de Ferro)</div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">
<br /></div>
<div style="color: #333333; font-family: Georgia, 'Times New Roman', Times, serif; font-size: 1em; line-height: 22px; margin-bottom: 10px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">
<a href="http://novaziodaonda.wordpress.com/">Daqui.</a></div>Laura S.http://www.blogger.com/profile/12877726250437798865noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-14537522454133947.post-16901473683642962152012-04-23T19:32:00.000+02:002012-04-23T19:50:45.796+02:00Sexo, identidade sexual, identidade de género e orientação sexual<div style="text-align: justify;">
Olá leitores! Hoje vou sair um bocadinho da rotina dos últimos posts para vos explicar uma coisa que sei que muita gente faz confusão. Nas linhas que se seguem, tentarei ao máximo ser imparcial e dar uma explicação mais ou menos detalhada sobre cada significado.<br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Com toda a certeza já ouviram pessoas a dizer coisas como:</div>
<div style="text-align: justify;">
-Será que esse travesti é ou não operado?</div>
<div style="text-align: justify;">
-Aquele 'pôr-de-cabelo' do rapazinho é mesmo gay!</div>
<div style="text-align: justify;">
-Lésbicas são mulheres que gostariam de ser homens/têm traumas passados com os homens com quem lidaram.</div>
<div style="text-align: justify;">
-Uma pessoa só pode ser, ou homem, ou mulher.</div>
<div style="text-align: justify;">
-...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há qualquer coisa que não está bem nestas afirmações, mas uma pessoa não sabe muito bem como argumentar. Porque na verdade, todas elas parecem correctas até um certo ponto, mas depois... Então está na altura de distinguirmos os conceitos: sexo, identidade sexual, identidade de género e orientação sexual.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/_h2mP2nq0Rjc/R7gJZyByubI/AAAAAAAAA_I/n7Okyw7YFng/s1600/surpresa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://4.bp.blogspot.com/_h2mP2nq0Rjc/R7gJZyByubI/AAAAAAAAA_I/n7Okyw7YFng/s320/surpresa.jpg" width="235" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Oh gosh... why? why me? </td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
Para já, há uma coisa que começo por explicar. Quando se fala dos direitos LGBTT, fala-se dos direitos das Lésbicas, dos Gay, dos Bissexuais, dos Transexuais e dos Travestis <span class="Apple-style-span" style="color: orange;">(não, não é dos Transgénicos!). </span></div>
<div style="text-align: justify;">
É exactamente isto que esta sigla significa e julgo que não há nenhuma ordem pela qual as letras tenham que estar, sendo que já vi escrito GLBTT e coisas do género. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Vamos lá então dar por começado oficialmente este post.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: purple;">a) Sexo</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há dois sexos por excelência, dois mais conhecidos: o feminino (normalmente, as mulheres), o masculino (os homens) e o intersexual (conhecidos por hermafroditas). </div>
<div style="text-align: justify;">
É verdade! Intersexual ou terceiro sexo, ou terceiro género é realmente um sexo. </div>
<div style="text-align: justify;">
Isto porquê: porque um <u>homem nasce com um pénis</u> e com o aparelho reprodutor associado a ele, uma <u>mulher nasce com uma vagina</u> e com o aparelho reprodutor associado a ela e <b>um intersexual nasce com genitais e/ou características sexuais secundárias</b> (como a voz, o desenvolvimento da musculatura...) <b>que fogem dos padrões normalmente associados ao sexo feminino ou masculino. </b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
Se é verdade que agora estás a pensar 'mas que coisa estranha, nunca vi ninguém assim...' fica sabendo que num em dois mil nascimentos - e não são números vindos de estatísticas americanas - é posto em causa o sexo da criança. </div>
<div style="text-align: justify;">
Também se pode distinguir entre intersexualidade falsa e intersexualidade verdadeira. A intersexualidade verdadeira é quando se regista um igual desenvolvimento dos dois sexos. A intersexualidade falsa é quando um sexo está mais desenvolvido do que o outro.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://perlbal.hi-pi.com/blog-images/493332/gd/1195944590/Intersexual.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="http://perlbal.hi-pi.com/blog-images/493332/gd/1195944590/Intersexual.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Simples, hein?</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: purple;">b) Papel de Género</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Toda a gente se lembra de, na escola primária, os pais vestirem as meninas de saia e os meninos de calças. E toda a gente sabe que por excelência, os meninos não vestem saia (mas as meninas já podem vestir calças! Yes!). </div>
<div style="text-align: justify;">
O papel de género é isso mesmo: (auto)identificação com o género masculino (dos meninos) ou feminino (das meninas).</div>
<div style="text-align: justify;">
Se ainda não está bem percebido, basta responder a quem por norma brinca com Barbies, quem por norma veste cor-de-rosa, quem pinta as unhas, quem vai para a tropa... enfim. Não é nada complicado entender também este conceito e por isso, abstenho-me de mais explicações, se bem que entender este conceito é central para perceber o que é o machismo e o feminismo (que não são opostos um do outro).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4bOlx_Q3jMBYJyH_h6lAoqqyZ7q1Wh0PAnvnmowqanvHmGAXrSIGdboYW3QfCRMdDGNfhLOWWtczgcwqr-XI1sDljX8UJ_5_v7fhVs7H-anvuhNEy9tXYVNOjoSg7i-vd3CpmSZNtkvs/s1600/homer.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4bOlx_Q3jMBYJyH_h6lAoqqyZ7q1Wh0PAnvnmowqanvHmGAXrSIGdboYW3QfCRMdDGNfhLOWWtczgcwqr-XI1sDljX8UJ_5_v7fhVs7H-anvuhNEy9tXYVNOjoSg7i-vd3CpmSZNtkvs/s1600/homer.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">'Qual é a dificuldade em perceber que as mulheres estão na cozinha<br />
e os homens no sofá?'</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
Tem-se na cabeça que, por norma, homossexuais/bissexuais fogem deste padrão e que, cada vez mais, as próprias mulheres também. Mas o GÉNERO é uma construção SOCIAL, não é uma construção biológica. Ou seja, nada tem a ver com o tipo de pessoa pela qual te sentes atraído nem tem a ver com o sexo que possuis. É aqui que género e sexo são coisas totalmente diferentes, já que um género pode identificar-se com o sexo da pessoa ou não. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://www.passportmagazine.com/blog/uploads/GayValentine.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="266" src="http://www.passportmagazine.com/blog/uploads/GayValentine.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">'Ele só pode querer ser menina!'</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="color: purple;">c) Orientação sexual</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Parabéns, entraste no início do campo perigoso deste post. Parece que a cada dia que passa surge uma nova tendência sexual e agora já não há só os homossexuais e os heterossexuais! Na verdade, é bem mais complexo que isto. Vamos lá:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Homossexual</b> (por favor, não escrevam 'homosexual'): aquela pessoa que se sente atraída por pessoas do mesmo sexo (não necessariamente do mesmo género) que ela. (os gay, vá lá)</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Heterossexual</b>: aquela pessoa que se sente atraída por pessoas do sexo oposto ao dela. (típico 'marido-mulher')</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Bissexual</b>: aquela pessoa que se sente atraída por pessoas de ambos os sexos. Atenção gente, isso não significa que ela queira estar com os dois sexos ao mesmo tempo! Nem quando tem um compromisso com alguém do sexo 'x', esteja a olhar para as pessoas do sexo 'y' e 'x' e a querer sabe Deus o quê com elas. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Assexuado</b>: aquela pessoa que não sente atracção sexual por nenhum sexo. Mais uma vez peço a atenção para aqui. Isto não significa que a pessoa não sinta atracção romântica ou seja alguém sem sentimentos. É um assexuado, não é 'assentimentado', if you know what I mean.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas há muuuito mais orientações sexuais que envolvem os conceitos acima expostos, de sexo e de identidade de género. O mercado vende e se ele vende, nós compramos. Round two is about to begin!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Pansexual</b>: aquela pessoa que se sente atraída por todos os sexos. OU SEJA: como nem toda a gente tem, ou pénis, ou vagina, um pansexual sente-se atraído por quem tem pénis, vagina ou ambos os sexos (e não faz necessariamente 'a operação'). </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Heteroflex:</b> eu disse que não ia ser parcial, mas não consigo neste conceito. É aquela pessoa que é heterossexual, mas de vez em quando está com pessoas do mesmo sexo do que ela. Mas então isto não é bissexualidade? Pelo menos, na escala abaixo, eu classificaria como 'nível 1', ou algo do género...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhI_YdM_BSozIhM9zguxyXmGP0ocEhdApB3UkdiB6nAXlvBPptlfrtNtWrL7uJqqh2QTIhtH3nBngrzXgMHAghx5t9_U3Ry_pCcMlKcaijzw0qUHjR2PDDoILYWABKUsP1_vRnxKx-fyDU/s1600/Captura+de+ecra%CC%83+-+2012-04-23,+19.03.15.png" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhI_YdM_BSozIhM9zguxyXmGP0ocEhdApB3UkdiB6nAXlvBPptlfrtNtWrL7uJqqh2QTIhtH3nBngrzXgMHAghx5t9_U3Ry_pCcMlKcaijzw0qUHjR2PDDoILYWABKUsP1_vRnxKx-fyDU/s1600/Captura+de+ecra%CC%83+-+2012-04-23,+19.03.15.png" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Escala de Kinsley - sim! Existe mesmo!</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<b>Objectum-sexual</b>: aquelas pessoas que se sentem sexualmente atraídas por objectos em vez de se sentirem atraídas por pessoas. Não, não são loucas nem têm nenhum distúrbio. Há o paradigmático caso da senhora que casou com a Torre Eiffel e que até mudou o último nome. Curiosidade? <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Erika_Eiffel">Aqui</a>.<br />
<span class="Apple-style-span" style="color: purple;"><br /></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: purple;">d) Identidade de Género</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quanto a isto, há muito que dizer, mas também é fácil de compreender todos os conceitos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Cissexual</b>: aquela pessoa que está conformada com o seu sexo e gosta de ser do seu sexo. Por exemplo, eu sou mulher (tenho uma vagina), sinto-me mulher (identifico-me com o género socialmente associado às pessoas que têm vagina) e gosto de ser mulher (what else?).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Transsexual:</b> aquela pessoa que nasce com um determinado sexo mas não se identifica em termos de género com ele e preferia ter o género socialmente associado ao sexo com o qual SENTE e não com o qual nasceu biologicamente.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ou seja: Maria das Couves nasce com uma vagina (ou seja, nasce sem qualquer presença ou indício de pénis), mas começa a ter comportamentos socialmente associados ao género do seu irmão Manuel Joaquim. Maria das Couves é transexual INDEPENDENTEMENTE de fazer 'a operação', porque há uma discrepância em relação ao que ela sente e ao que ela é. </div>
<div style="text-align: justify;">
A sua orientação sexual pode ser uma qualquer, ou seja, pode sentir-se atraída por pessoas do mesmo sexo biológico que ela ou não, ou pode não haver atracção nenhuma.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>A identidade de género nada tem a ver com a orientação sexual nem com o sexo que a pessoa tem, mas sim como é que a pessoa se sente no que respeita ao seu género.</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Travesti</b>: aquela pessoa que se veste como alguém do sexo oposto ao seu. Nada mais claro. E também nada tem a ver com orientação sexual, identidade de género, bla bla bla bla...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://donatellasbffs.files.wordpress.com/2011/07/the-rocky-horror-picture-show_.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://donatellasbffs.files.wordpress.com/2011/07/the-rocky-horror-picture-show_.jpg" width="245" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Hi darling! I may not be gay! :)</td></tr>
</tbody></table>
E agora chegou a altura de fazer uma misturada nestes conceitos todos e aprender de uma vez por todas de que forma é que eles se relacionam!<br />
Por exemplo, a Mariana pode ser heterossexual (orientação sexual), de aparência feminina (papel de género), gostar de ser mulher (identidade de género).<br />
Sounds familiar? Difícil?<br />
<br />
E agora, vamos lá responder às perguntas feitas no início do post:<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">
-Será que esse travesti é ou não operado?</div>
<div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">
<b>Travestis não tiram o pénis, amigo!</b></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">
-Aquele 'pôr-de-cabelo' do rapazinho é mesmo gay!</div>
<div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">
<b>Orientação sexual nada tem a ver com papel social de género! :D</b></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">
-Lésbicas são mulheres que gostariam de ser homens/têm traumas passados com os homens com quem lidaram.</div>
<div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">
<b>Orientação sexual não é identidade de género.</b></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">
-Uma pessoa só pode ser, ou homem, ou mulher.</div>
<div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">
<b>As coisas não são brancas ou pretas no que toca ao sexo.</b></div>
<div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">
<b><br /></b></div>
<div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">
<span class="Apple-style-span" style="color: orange;">Espero que tenha sido explícita desta vez. Há uns tempos escrevi outro post sobre direitos desta gente toda, por isso procurem para trás se estiverem interessados, que tem um ou dois meses. Estes conceitos são todos dados como adquiridos aí :)</span></div>
<div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">
<span class="Apple-style-span" style="color: orange;"><br /></span></div>
<div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;">
<span class="Apple-style-span" style="color: orange;"><br /></span></div>
</div>
</div>Laura S.http://www.blogger.com/profile/12877726250437798865noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-14537522454133947.post-65582550167663799052012-04-23T00:40:00.005+02:002012-04-23T00:40:49.958+02:00<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEUpljZ4685KlWtjWmijLJnT0yndt4uP2vvA7lXvhS73111M5ROXX5wy40eFkzKfXuSAEGKS-6PsuDW0Rtx7fvbFRhjMD5gi6ab86uLIDD3xE2Xp95IWTuAYY5pHWSCwiUs85FttKKuGk/s1600/Captura+de+ecra%CC%83+-+2012-04-23,+00.36.50.png" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEUpljZ4685KlWtjWmijLJnT0yndt4uP2vvA7lXvhS73111M5ROXX5wy40eFkzKfXuSAEGKS-6PsuDW0Rtx7fvbFRhjMD5gi6ab86uLIDD3xE2Xp95IWTuAYY5pHWSCwiUs85FttKKuGk/s1600/Captura+de+ecra%CC%83+-+2012-04-23,+00.36.50.png" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">'Se viesses ver-me hoje à tardinha...'</td></tr>
</tbody></table>
<br />Laura S.http://www.blogger.com/profile/12877726250437798865noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-14537522454133947.post-85809737833023816762012-04-22T18:59:00.004+02:002012-04-22T18:59:51.957+02:00O Julgamento<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIX1wu0yITiGp5l9w-Z8oxzzw67rex5tUoh_1W8RNAX1RZJl5RwbKcC-b0j24JSj64Uh17I0OL0ivO2THOIuCNBEEHBfYKmqELaZo0_lg8fTnS_ALYMX7geMjqhVomxj66tzqb49xgZiw/s1600/Captura+de+ecra%CC%83+-+2012-04-22,+18.48.53.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIX1wu0yITiGp5l9w-Z8oxzzw67rex5tUoh_1W8RNAX1RZJl5RwbKcC-b0j24JSj64Uh17I0OL0ivO2THOIuCNBEEHBfYKmqELaZo0_lg8fTnS_ALYMX7geMjqhVomxj66tzqb49xgZiw/s1600/Captura+de+ecra%CC%83+-+2012-04-22,+18.48.53.png" /></a></div>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTAcDHQoWDEhFqvbUsKGMA0CE8sd5C4LENyo9PrEyq7UQg8fwrHFk8AiDBLWe7dQWO-rst-orppRJ2eccY3WOpRV7jlUwpNaj3Isahfm2w4IIR0KaF0USVcu_8KXgWEN09fpcIEp2OJs4/s1600/Captura+de+ecra%CC%83+-+2012-04-22,+18.49.18.png" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTAcDHQoWDEhFqvbUsKGMA0CE8sd5C4LENyo9PrEyq7UQg8fwrHFk8AiDBLWe7dQWO-rst-orppRJ2eccY3WOpRV7jlUwpNaj3Isahfm2w4IIR0KaF0USVcu_8KXgWEN09fpcIEp2OJs4/s1600/Captura+de+ecra%CC%83+-+2012-04-22,+18.49.18.png" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A insustentável leveza do Ser - Milan Kundera<br />(se algum leitor quiser o pdf. do livro, escreva-me a pedi-lo)</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Ando com uma pequena obsessão por este livro outra vez. O que está acima são excertos do próprio pdf. Interessante que quando voltamos a ler um livro uns anos depois, as coisas parecem-nos tão diferentes. Se este livro fosse uma pessoa, se este livro tivesse memória e a pudesse reproduzir, gostava que me dissesse aquilo que pensei na altura, aquilo que li na altura. </div>
<div style="text-align: justify;">
Até à quarta classe, embora extrovertida, era um bocadinho solitária. Como cresci sem irmãos, brincava sozinha - no que resultou mais tarde numa grande chatice, já que quando brincava com outros meninos, tinha que ser sempre eu a escolher o rumo da história e não ao contrário - e lia muito. Mas nunca me senti só durante o meu crescimento, apesar disto.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Portanto, quer-me parecer que se a teoria Nietzschiana estiver correcta, se de facto o eterno retorno existe e se tudo se repete da mesma forma que foi feita a primeira vez, então eu não estou nada arrependida de ter tido a infância que tive, se bem que há algumas coisas que mudaria.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
De facto, o eterno retorno muitas vezes parece-me quase como uma cura para decidirmos se uma acção é de facto correcta ou incorrecta, ou mesmo para julgarmos. Se pensarmos que aquela acção vai ser repetida de x em x tempo, sempre da mesma forma e se, a isso, juntarmos a nossa imaginação e pensarmos no que acharíamos dela se fosse repetida de x em x tempo e por todas as pessoas do mundo, então temos aí a resposta para o julgamento das nossas acções. Acho que se torna infalível o julgamento (ou auto-julgamento) delas a partir do momento em que a vemos de fora e repetida no tempo. O mesmo eu aplico a grandes decisões ou escolhas que temos que fazer. Claro que um dia mais tarde nos podemos arrepender, mas não creio que esse arrependimento vá trazer coisas assim tão más se a acção foi pensada. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em cima disto tudo, temos a experiência passada e a possibilidade de projectar no futuro as consequências, o que, parecendo que não, é uma mais valia de todo o tamanho. Se não fosse possível a projecção futura das acções, então de pouco ou nada ia servir o passado ou a aprendizagem com ele. É exactamente por isso que conseguimos fazer esta experiência mental que é de estender a nossa acção a outros agentes. Por exemplo, será que eu devo mentir na circunstância x? Imaginemos que toda a gente mentiria sempre naquela circunstância. Ou mais ainda, que toda a gente podia mentir sempre que sentisse inclinação para mentir. </div>
<div style="text-align: justify;">
Estará correcto? </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-size: xx-small;">(Obrigada meu querido Kant ;) )</span></div>Laura S.http://www.blogger.com/profile/12877726250437798865noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-14537522454133947.post-82527877285597562522012-04-21T19:22:00.002+02:002012-04-21T19:22:45.761+02:00Os Bichos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0f1Xt46dBK9RyYtcOD06MwEpX6r-rmF-ie5ReFLcokqlqMt7WMC19uyuE5yw_4oEeWaJYLVj-9vsVqj-3dxbSwbeA_gAoipbK6R0pWacqfhbJbELzn_wJ-j1DMNaTJxwia0Gyp2h-viw/s1600/Captura+de+ecra%CC%83+-+2012-04-21,+19.23.46.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0f1Xt46dBK9RyYtcOD06MwEpX6r-rmF-ie5ReFLcokqlqMt7WMC19uyuE5yw_4oEeWaJYLVj-9vsVqj-3dxbSwbeA_gAoipbK6R0pWacqfhbJbELzn_wJ-j1DMNaTJxwia0Gyp2h-viw/s1600/Captura+de+ecra%CC%83+-+2012-04-21,+19.23.46.png" /></a></div>
<br />
Este é um excerto do último conto do livro referido, de Torga. Aconselho monstruosamente.Laura S.http://www.blogger.com/profile/12877726250437798865noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-14537522454133947.post-12461922050427425842012-04-19T13:23:00.001+02:002012-04-19T13:23:41.052+02:00'A insustentável leveza do ser'<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://www.ibiblio.org/wm/paint/auth/schiele/schiele.self-portrait.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="484" src="http://www.ibiblio.org/wm/paint/auth/schiele/schiele.self-portrait.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Schiele, Auto-retrato</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para mim, o título deste livro (e o livro, talvez) é o melhor que alguma vez li. Cada palavra está situada onde deve estar e o livro em si é para ser lido devagar, absorvendo cada frase que nos é um pontapé na cara. Quando o li tinha quinze anos. A minha mãe ofereceu-mo pelo aniversário e a capa tinha uma senhora com um chapéu, a preto e branco. Era uma fotografia. E o título...oh, o título! Porque não é isto mesmo verdade? Que o ser, a consciência do ser que se vai abatendo sobre nós com o passado do tempo (esse grande escultor) é tão invisível e tão pesada? E no fim, tão insustentável que a morte intelectual se apodera de nós? Já o Deleuze se suicidou porque não tinha nada mais que ensinar. Já se sentia vazio. E o que é que lhe restava? O seu ser. O peso de si era só o que tinha.</div>
<div style="text-align: justify;">
Tenho que o reler. Não sei bem para quê, porque uma pessoa passa a vida a tentar compreender o que a rodeia, mas quer compreenda, quer não, morre. De qualquer forma, trato de me fazer feliz enquanto por cá ando.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">"Mesmo a nossa própria dor não é tão<br />pesada como a dor co-sentida com outro,<br />pelo outro, no lugar do outro, multiplicada<br />pela imaginação, prolongada em centenas de ecos."</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Milan Kundera, <i>A Insustentável leveza do Ser</i></span></div>Laura S.http://www.blogger.com/profile/12877726250437798865noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-14537522454133947.post-83095413571393951132012-04-18T13:35:00.001+02:002012-04-18T13:35:59.035+02:00Gótico ou gótico?<div style="text-align: justify;">
No outro dia pensava por que estúpida razão seria que associamos o termo 'gótico' a pessoas vestidas de preto, com aspecto mais ou menos duvidoso e, a título pessoal, a pessoas que metem um medo dos diabos. Literalmente. Afinal se é um estilo de arte ocidental, que raio de volta foi dada para que isso acontecesse?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Antes de entrar em pormenores, acabo de me lembrar que o termo 'medieval' também é pejorativo, quando na verdade foi na época medieval que surgiram as primeiras universidades e houve uma série de avanço filosófico e artístico o qual é totalmente ignorado. </div>
<div style="text-align: justify;">
Mas voltando ao gótico, eu lembro-me sempre daquelas catedrais imensas e de gárgulas. O que eu não sabia é que um senhor dado pelo nome de Giorgio Vasari achou que 'ah e tal, este novo estilo contrasta demasiado com os ideais Renascentistas e não serve. É o oposto da perfeição, é o estilo dos vândalos, dos bárbaros, os safadões.'</div>
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E pronto, está explicada a correlação. </div>
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Apontamento final: o Mosteiro da Batalha é o ícone do gótico em Portugal, que depois foi sendo substituído pelo estilo Manuelino, que acaba por misturar o estilo gótico com o estilo renascentista (ah-ha Giorgio! Somos originais!).</div>
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Memórias do 5º ano e da 'fssôra Elsa. </div>
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<br /></div>Laura S.http://www.blogger.com/profile/12877726250437798865noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-14537522454133947.post-56754635832370581542012-04-17T12:36:00.000+02:002012-04-17T12:36:15.009+02:00Quando te contemplo<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://www.artchive.com/artchive/b/botticelli/venus.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="395" src="http://www.artchive.com/artchive/b/botticelli/venus.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vénus, Botticelli</td></tr>
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Eríxias: Muitas vezes, quando digo que te contemplo, vêm-me à memória pinturas. Esta é uma delas. Não é que o teu rosto delicado e macio me faça lembrar qualquer expressão aqui representada. </div>
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Lembra-me a sensação de prazer que tenho ao contemplar uma obra de arte. Se retiro prazer de ti, é porque já antes o tive e por isso, reconheço-o. Assim, se tudo o que aparece na nossa vida não vem ao acaso, tudo aquilo que tenho oportunidade de conhecer e de reconhecer como Belo foi-me posto no caminho para que, tempos mais tarde, me encontrasse contigo. E pudesse estender o sentimento de Beleza ao de Amor.</div>
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Diotima: Uma Obra de Arte é, então, Verdade. Assim como o Amor.</div>Laura S.http://www.blogger.com/profile/12877726250437798865noreply@blogger.com