Olá! Este é o meu último post neste blogue, que acompanhou os meus dois primeiros anos universitários. Sinto que está na altura de o fechar por uma variedade de razões. Em primeiro lugar, porque sinto que a minha posição emocional se alterou muito ao longo do tempo. É verdade que poderia dar lugar a outro tipo de posts, mas para isso o espaço não podia ser o mesmo - nem eu sou a mesma. Depois, porque estou a ir-me embora de Madrid. Foram dois anos de mudanças drásticas em termos de estilo de vida e este meu último ano de licenciatura será em Lisboa, onde já estive, a viver com a pessoa com quem vivia antes. Não é de todo um retorno ao passado! É um ano em que tenho que me empenhar na faculdade a outro nível, já que terei que escrever uma tese de licenciatura. Na verdade, o que eu sempre quis fazer desde que comecei o curso.
Por outro lado, tenho um novo projecto que entrará em andamento no dia 23 de Junho deste ano - um dia depois do meu aniversário - que podem consultar aqui: https://www.facebook.com/id.est.blog
Assim, despeço-me. Obrigada pelos mails que me enviaram, pelas quase mil visitas mensais a este espaço desde há 7 meses, pela sensação de que não estava sozinha mesmo quando cheguei a um país desconhecido, sem amigos e sem saber falar a língua.
Não vos quero deixar sem antes fazer um post informativo sobre o que é fazer Erasmus. Espero que gostem e que seja útil para quem esteja a pensar fazê-lo.
Um beijo enorme.
Mais uma vez, obrigada.
Laura
Fazer erasmus
As razões:
Por volta de Fevereiro de 2011 decidi que ia fazer uma das coisas que mais queria desde que entrei para o 5º ano: estudar fora do país. Não havia rigorosamente nada que me prendesse a Portugal, senão um coração despedaçado e uma alma desfeita. A minha universidade tinha acordo com França e Espanha e eu escolhi Madrid por pouco saber de Francês. Estas foram as minhas razões, pouco válidas, agora que olho para trás. Mas mesmo assim, tomei a decisão.
Burocracia:
Esta é a parte mais chata e irritante de fazer erasmus. É preciso não esquecer todos os documentos exigidos por ambas as universidades. Desde o documento que permite que as equivalências sejam feitas de uma universidade para a outra, até à confirmação da bolsa de estudos, mais a matrícula na universidade de origem e a matrícula na universidade que nos recebe. É preciso ter atenção ao alojamento - eu acabei por ficar numa residência de estudantes cuja qualidade não é superior e é demasiado cara - e aos transportes até à faculdade. É necessário calcular um orçamento mensal - coisa que eu não fiz e que, por isso, acabei por gastar mais dinheiro do que era suposto - assim como ver as tarifas de telemóvel no país para onde se vai viajar. NÃO VALE A PENA comprar um cartão de telemóvel no país para onde se viaja até se fazer alguns amigos. É um desperdício de dinheiro e sai mais caro para quem nos liga. Utilizem skype e agora há uma aplicação chamada Vodafone Web Phone para que permite enviar mensagens gratuitas. A aplicação é gratuita e descarrega-se no site da Vodafone para o computador, se for Windows, ou para o Facebook, se for Mac.
A língua:
Frequentei um curso de Espanhol durante um mês no Verão. Ainda hoje estou para descobrir se foi a decisão mais acertada. Sinto que perdi um mês inteiro onde podia estar a divertir-me - só entrei de férias na segunda semana de Agosto - e não sei se isso me ajudou assim tanto. De resto, em Dezembro já falava Espanhol fluentemente e neste momento não preciso de pensar para falar. Por vezes sonho em Espanhol e estou perfeitamente à vontade para falar com qualquer pessoa nesta língua.
As notas:
As notas variam muito de país para país. Senti que em Espanha é muito fácil para os Espanhóis terem um 20. Eu própria tive dois durante este ano, coisa impensável na minha universidade em Lisboa. O método de ensino aqui tem como base o decoranço e eu tenho pena porque os alunos pensam pouco e decoram muito. Aconselho a que entrem em contacto com a universidade e peçam as notas dos anos anteriores para verem 'onde se estão a meter'.
Os sentimentos:
Quando se vem fazer erasmus, pode escolher-se ser sozinho ou fazer amigos. Claro que isto se pode escolher em qualquer circunstância da vida, mas é muito mais simples estar sozinho por causa da barreira da língua e é muito mais simples fazer amigos porque toda a gente quer mostrar tudo. Somos nós que decidimos.
A minha decisão este ano foi a de estar sozinha. Poucas vezes tive oportunidade para a solidão durante a minha vida e não quer ter mais nenhuma vez. No entanto, fez-me muito bem ter feito só dois ou três amigos na faculdade (que de certeza que vou manter contacto, porque são pessoas excepcionais) e estar com eles essencialmente nas aulas. Todos os outros conhecidos serviram para sair à noite ou jantar de vez em quando. Nada mais. Creio que isto foi muito importante porque me fez pensar em coisas as quais nunca tinha pensado. Também sinto que deste ano levo uma dose maior de tolerância e que mudei no que toca a sentimento de compaixão pelo outro. É como se precisasse de ser oleada - e bastante! - e estes momentos de solidão proporcionaram-me isto mesmo.
Como já aqui disse, sou uma pessoa bastante extrovertida que faz amigos com muita facilidade. É exactamente por isso que não quero repetir a experiência da solidão. Esta decisão no início do ano fez com que, por vezes, as coisas fossem bastante complicadas de aguentar. Embora a minha mãe, os meus amigos e a pessoa com quem namoro tenham estado incondicionalmente presentes TODOS os dias, às vezes era complicado voltar para o quarto e não ter ninguém a quem contar o dia. Como sou uma faladora - bem, uma verdadeira matraca eheh - chorar foi recorrente nos primeiros meses. Mas depois passou e adaptei-me a estar sozinha, tendo sempre em mente que no ano seguinte ia voltar a viver com a minha querida amiga e a falar com toda a gente por toda a parte.
Todos dizem que deveria ter vindo com amigos, mas eu não concordo. Se voltasse a fazer erasmus, de certeza que não voltaria sozinha, mas para uma primeira vez, estou contente com a minha decisão.
As decisões:
Pode não parecer, mas quando se está sozinho há uma série de coisas que tem que se decidir. Senti também que tive pouco controle sob os meus horários de sono, de refeições e de desporto. Este último pouco ou nada esteve presente este ano, quando no ano passado era quase diário. As refeições foram feitas a horas indecentes e houve alturas em que os meus horários de sono estavam todos trocados. Só no segundo semestre é que comecei a organizar melhor a minha posição e as coisas normalizaram. Para quem vai fazer erasmus sozinho, aconselho a que faça um calendário e que cumpra. A preguiça é safada, de vez em quando! Ihihih!
E aqui está. Se quiserem saber mais detalhes, alguma coisa que não tenha referido, escrevam para criticadarazaointerior@hotmail.com. Vou deixar o mail aberto para quaisquer dúvidas que surjam.
Um beijo e não se esqueçam de seguir este novo projecto! :D
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