domingo, 25 de setembro de 2011

Não me queiras por perto.

Sabes, eu não me queria afastar. E por isso mesmo, o meu afastamento veio a revelar-se uma coisa penosa, louca, a nível sentimental. Se ao menos pudesses pensar (sentir nunca poderás, porque te ocupas demasiado com os minimalismos) o quanto eu sofri por todas as vezes que um não fazia questão de sair de ti e eu, esperando-o, não deixava de desistir, talvez compreendesses que palavras simples me magoaram. Agora, aqui, ainda sinto a tua falta. Lembro-me do teu cheiro, lembro-me das confusões iniciais, do modo singular como tudo começou e nunca acabou porque eu não quis, porque tu não lhe puseste um ponto final, porque não apareceu ninguém, ou porque simplesmente isto é tudo um jogo de formas físicas que deambulam. Não espero nada de ti. Secretamente, acho que nunca esperei. Contentava-me com o saber de que estavas, de que estávamos, embora eu estivesse desimpedida e a tua ligação a mim fosse não mais do que um laço que se pode desmontar. O tempo e a distância resolveriam o problema para mim, insistias em afirmar. Mas não. Isso descansava.te, saber que havia uma hipótese de esquecimento da minha parte.

Já não te amo. E achei que te podia amar durante toda a minha vida. Mas já não, isso deixou de acontecer. Talvez, pensando bem, tenhas razão: foi o tempo e a distância.
Se te conforta pensar assim, então eu também fico confortada, porque tu te sentes bem.

Acho que já não pensas em mim. Genuinamente, sinto-me sozinha no pensamento. O que não é mau, porque assim não tenho que o partilhar e mesmo que o tente explicar, as pessoas só poderão imaginar o que sinto, na minha solidão.
Às vezes dou por mim num estado de inexactidão material, como se eu me desconjuntasse e me partilhasse por todos aqueles de quem sinto falta. Mas este jogo de distribuição sem autorização prévia do autor tem bastante que se lhe diga. A minha alma saltou por entre as mãos de duas pessoas. Tu foste a última. E eu decidi que vai assentar na próxima.

Não me queiras por perto.
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