quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Finalmente chove.

Láura depois da depilação.

Já alguma vez beberam água da chuva? Eu já. Às vezes vou para a rua quando está a chover e como quem não quer a coisa, abro um bocadinho a boca, ponho a pontinha da língua de fora e espero ansiosamente que caia uma gota. E elas caem em todo o lado, menos naquele sítio da língua que nós esperamos que caia. O pior é quando nos cai mesmo no meio da cabeça. Que pontaria! Nunca estamos à espera de um pingo daqueles.
Foi assim que te conheci.
Havia uma série de gostas à minha volta. Tantas, tantas, tantas. Quase que chovia torrencialmente. Mas sempre que eu queria que aquela gota caísse na minha língua, parecia que elas se desviavam. Deixei-me disso. Deixei de abrir a boca à chuva.
Foi assim que te conheci.
Mas, pelo sim, pelo não, deixei-me ficar. Pus um casaquinho, uma gabardine amarela, aliás, calcei as minhas botas de cano alto vermelhas e fui chapinhar. E diverti-me tanto! Esqueci os pingos na língua, esqueci os pingos, aliás, e passei a apreciar os momentos de não chuva em que a única diversão era brincar na lama.
Num ocasião, fez-se um arco-íris no céu. Alguns viram, outros não. Algumas gotas pararam de cair.

Outras não.
Foi assim que te conheci.

(Freud. Psique. Tempo. Espaço. Distância. Verdade. Companhia. Receio? Beijo-te.)
Próximo post: Mimesis e Catarsis