quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A minha tragédia

'Para mim, o maior dos suplícios seria estar sozinho no Paraíso'


Para quem se tem interrogado por que raio perdeu este blog algum interesse (se é que o tinha) do ponto de vista da publicação de textos originais, aqui vai uma explicação.
Para além de ter andado com trabalho louco ultimamente (um dia tenho que falar sobre isto, sobre o facto de 'o tempo' já dever estar farto de ser chamado ao barulho sempre que, por uma razão ou por outra, não fazemos as coisas) quando me sento à frente do computador para escrever, parece que preciso de um qualquer mote para iniciar a conversa comigo. Eu, que nunca tive nenhum tipo de bloqueio para escrever ou falar sobre o que quer que fosse (mesmo que só dissesse disparates!), deparo-me com isto.
O mais engraçado é que durante o dia penso numa série de assuntos e já me aconteceu, seguramente mais de dez vezes, pensar 'hoje vou escrever sobre 'x' no blog'. E tumba, quando aqui chego, já me esqueci. Parece-me que vou passar a anotar, a fazer uma espécie de listinha de assuntos e depois eles vão vir todos de rajada. Se por acaso alguém me quiser dar uma ajudinha, agradeço.

Uma vez li num sítio qualquer, quando estava de férias (não penses nisso, Láura, não penses nisso!) que uma pessoa só ficava aborrecida por estar de férias quando não tinha curiosidade. E eu senti-me extremamente ofendida, porque tinha passado todo o santo dia a não fazer nenhum e portanto, pela lógica, eu era uma pessoa a-curiosa (será que isto existe? meu querido professor Carlos Couto, que brincava com as palavras desta forma e me passou o vício) e, consequentemente, desinteressante. Porque é que durante aquele dia eu não estive a ler, a ver filmes, a fazer disparates, sei lá, qualquer coisa que aumentasse um bocadinho a minha cultura, seja lá o que isso seja?
Por isso decidi que me ia inscrever na wikipédia (triste, eu sei...!) e passar a interessar-me bastante pelo assunto do dia que eles seleccionam. A chatice foi que não se passou nada disso, acabei por me fartar dos assuntos da treta que eles abordavam e desliguei.
Agora veio esta ideia das reviews dos livros, que eu passo a explicar de onde surgiu. Andava eu muito bem a ver vídeos no youtube, quando me aparece um vídeo de uma rapariga a fazer qualquer coisa como uma 'review' do mês de setembro. E eu 'olá, será que é interessante?!' e cliquei. Não era, nem um bocadinho. Basicamente o que as raparigas fazem é mostrarem que produtos/roupas/coisinhas compraram durante aquele mês. E pior! Faziam uma dessas reviews para cada mês. Eu pergunto-me como é que alguém gasta tanto dinheiro em tretas (que eu também gosto, caramba, não sou imune) e ainda tem a lata e o descaramento de andar a mostrar na internet como se fosse a coisa mais porreira do mundo. Por que raio quer uma pessoa saber que elas compraram o baton da marca x ou y? Não quer. E a minha conclusão foi que nenhuma delas comprava livros.
Daí ter decidido pegar numa ideia que não era das melhores e transformá-la numa coisa aceitável, já que,  oh boy, ler é mesmo bom!
E assim acaba um post que só ia explicar qualquer coisinha, como que uma nota introdutória, e que afinal se revelou numa coisa bastante maior do que eu esperava. E eu não tinha assunto sobre que escrever...imagine-se se tivesse!

Para concluir, que nada disto que eu escrevi acima merece grande destaque, aqui vai a genialidade em pessoa (podia ser em Pessoa, agora que penso nisso, mas seria um trocadilho demasiado óbvio, não?)

Tenho ódio à luz e raiva à claridade 
Do sol, alegre, quente, na subida. 
Parece que a minh'alma é perseguida 
Por um carrasco cheio de maldade! 

Ó minha vã, inútil mocidade, 
Trazes-me embriagada, entontecida!... 
Duns beijos que me deste noutra vida, 
Trago em meus lábios roxos, a saudade!... 

Eu não gosto do sol, eu tenho medo 
Que me meiam nos olhos o segredo 
De não amar ninguém , de ser assim! 

Gosto da Noite imensa, triste, preta, 
Como esta estranha e doida borboleta 
Que eu sinto sempre a voltejar em mim!... 

Florbela Espanca
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