terça-feira, 22 de maio de 2012

As Flores

Sempre quis aqui escrever sobre flores.
O meu passado com elas não é risonho, mas adivinho que vamos ter futuro, um grande futuro. Se um dia alguém me oferecer pelo aniversário flores, eu fico feliz. É verdade que gosto de receber prendas, mas as flores têm um significado especial. Oferece-se vida, oferece-se cor e cheiro. Oferece-se um bocadinho de nós e isso não tem preço.
As flores servem para tudo. Para agradecer, para pedir, para desculpar, para ser desculpado, para demonstrar uma variedade de sentimentos. Ou só para ter.

No dia dos namorados, ofereci-lhe margaridas verdes. Eram bonitas, farfalhudas, miudinhas. Muito gostou e ainda hoje falamos desse ramo. Foi a minha prenda porque achei que não podia oferecer melhor, já que não estava presente. Se houvesse alguma parte de mim que lhe pudesse chegar a casa ainda viva, então eu faria com que chegasse.

Uns tempos mais tarde, comprei margaridas brancas e verdes para mim mesma. Descansavam na minha secretária enquanto eu fazia exames. Assim como precisava de mim, também eu precisava de uma companhia que cheguei a pensar indispensável. Mas as manhãs nasciam sempre, o sol raiava e por mais um dia, só mais um, os esforços eram intensos e proveitosos.

Lembro-me muitas vezes de um dia, cansada, entrar na minha casa e ter flores à minha espera. Prefiro ter flores do que ter jantar ou mesa posta, prefiro um ramo, uma flor, comprados para mim de propósito, porque eu ia chegar cansada. Prefiro que me digam aqui tens flores do que me digam aqui está o jantar.

Aqui tens flores e uma banheira quente e espuma. Aqui tens flores e velas. Aqui tens flores e chocolates e um beijo. Aqui tens flores porque eu estou triste e não te quero passar a tristeza. Aqui tens flores porque nos quero celebrar. Aqui tens flores porque és forte e lutadora e porque me sinto constantemente a lutar ao teu lado. Aqui tens flores porque és o amor da minha vida. Ou então, só...

aqui tens flores.
Próximo post: Mimesis e Catarsis