quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Finally Free

Estava hoje na piscina a dar uma braçadas descontraídas, quando me apercebi: caramba, eu estou em Madrid. É verdade, estou em Espanha há um mês menos um dia e só hoje é que me inteirei. Também percebi que pensava em Português, mas as palavras em Espanhol já me saíam naturalmente (menos nas aulas, mas aí a linguagem tem que ser mais cuidada e não se pode falar de qualquer maneira - no entanto estou a referir-me ao facto de pedir informações ou conversas banais de intervalo entre as aulas.
E também me apercebi de mais coisas: as minhas relações com as pessoas especiais para mim que vivem em Portugal mantêm-se fortíssimas - talvez até mais fortes, por incrível que pareça (até eu estou espantada) - e comecei a criar laços por cá. Afinal ser-se estrangeiro não é mau. Bom, ser de outro país europeu que não este.

Aprecio cada bocadinho: quando os meus colegas me sorriem dizendo que não se diz "no tengo diñero en el teléfono" mas sim "no tengo saldo en mi teléfono", adoro quando me perdem para dizer coisas em português, que eles tentam imitar e mais ainda quando me perguntam se vim sozinha.
Já me fizeram esta pergunta umas 30 ou 40 vezes, sem exagero, desde que cá cheguei. E apetece-me responder que não, que vim acompanhada, que vivo acompanhada, que era incapaz de viver na solidão. Apetece-me falar-lhes dos meus amigos, da minha família, daqueles que tenho tão perto de mim de uma forma inexplicável.
Mas rendo-me a um "sí" tímido, acompanhado de um sorriso (que já me valeu a alcunha de "la chica que siempre sonríe"), porque há coisas que ainda não quero partilhar.


(vá lá, Pilão, mereceste este honrado lugar de destaque :P )
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