segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Alma? Tenho duas.

Sons que vagueiam. Procuro um lugar onde me aconchegar, onde o quente não entre, onde o frio se conserve, porque quero ter uma garganta gelada onde um nó desagradável não se possa alojar. Preciso de perder a noção das coisas, mas não tenho sucesso. Às vezes, quando era pequena e não conseguia dormir, punha-me a pensar em hospitais e fingia estar numa cama de hospital. Tinha que estar muito quieta, não me podia mexer, se não as enfermeiras batiam-me. Sempre fui mórbida de pensamento e cruel de palavras.
Agora não me mexo mesmo.
Engraçado, como às vezes escrevemos coisas tão doloridas, tão inúteis. E quem as lê, lê de rajada, como se a nossa alma não estivesse ali, como se não tivéssemos investido tudo, palavra por palavra, decímetro por decímetro de letras.
E porque uma se deposita nisto que escrevo, outra alma aparece-me mesmo aqui à frente. Que linda que é... É brilhante, azul marinho. Tem brilhos cor de laranja e é quadrada. Como uma besta.
Próximo post: Mimesis e Catarsis