quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O rapaz dos campos de ténis

Há uma pessoa que me intriga todos os dias. Quando vou a caminho da faculdade, que é a exatamente sete minutos da residência universitária, se formos num passo vagaroso e com um café na mão, bebericando pelo copo de papel, passo por uns campos de ténis. E nesses campos, todas as manhãs, até pelo menos às duas da tarde, está um rapaz a ler. Lá está ele, com a sua mochilinha muito bem posta, enquanto lê. No dia em que comecei a ir à faculdade, estava a ler a Anna Karenina. Eu nunca li e acho que estou, de um certo modo, a guardar para quando sair da faculdade. Acho que preciso de mais maturidade, pelas críticas que li. Mas não se deixem enganar! Três dias depois, pumba, outro livro! O sacana... Estava a ler, imagine-se, Ruben A. O rapaz estava a ler um escritor que nasceu em Portugal. Vai na volta e é Português. Mas seria demais, não? E no dia a seguir, para minha desilusão, estava a ler o Eat, Pray, Love, de uma tipa qualquer que fez uma viagem não sei onde e encontrou o amor da sua vida. Como é que eu sei isto? Pois é, meus amigos, também vejo a Oprah, que isto uma pessoa não pode ser só pretensão. De maneira que estou indignada com o rapaz, porque ele passou mais tempo a ler este romance de cordel do que a ler Anna Karenina! Amanhã vamos ver o que o rapaz dos campos de ténis está a ler. E eu juro que se algum dia o apanhar com um livro que aqui tenha, começo a lê-lo ao mesmo tempo que ele, a ver a quem ganha. Estou com vontade de competições. Tenho-o dito.
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