quarta-feira, 16 de novembro de 2011

200 posts - 'O amor e outros desastres'

Olá meus caros leitores!
Tenho andado a fugir a este post, mas se não o escrever, nunca se vai concretizar (e é para tirar conclusões destas que estou em filosofia --') então lá terá que ser. 
Mas porquê, perguntam vocês. É que este é o post nº200. Duzentas vezes já escrevi neste blog, já escrevi mais vezes para vocês, desconhecidos, do que para alguém que eu conheça no mesmo espaço de tempo. Engraçado, nós dizermos 'espaço de tempo' quando são conceitos totalmente distintos. É como se tivéssemos que restringir o tempo a um determinado espaço e isso faz-me confusão. Na verdade, o próprio conceito de tempo não me entra muito bem na cabeça. Não consigo compreender como é que o tempo passa e acho que não o andamos a contabilizar bem, já que dizemos que a escala em que medimos o tempo é uma escala numérica e, por isso, infinita. Se é infinita, como é que se passa de um segundo para outro? No outro dia estava a ler qualquer coisa para a faculdade (eu digo qualquer coisa para não parecer pretensiosa ahah!) e li que precisamente por o tempo ser infinito, é que se tocava e por isso, passava. mas não me convenceu, talvez por eu não ter percebido bem. Assim, eu proponho a invenção de uma nova medida de espaço para demarcarmos o tempo. Quando essa medida estiver concretizada, lá para o post 6000 e quando eu for queimada na fogueira por dizer uma heresia, hão-de saber, porque com certeza vão apagar todo o meu rasto. Não pensam nisso? Se por acaso tivessem que desaparecer, a quantidade de coisas que tinham que apagar para parecer que não estiveram no mundo? Bom, este post está a ficar estranho, vamos voltar a um tema concreto, que se não ninguém se orienta.

As minha flores preferidas de sempre são os girassóis e, por influência da minha mãe, as orquídeas. Ela tem uma roxa no seu escritório e eu acho que cheira à minha mãe, embora me esteja sempre a dizer que não tem cheiro. Mas eu não mudo de ideias, não vou contrariar os meu sentidos (aliás, o senhor que dizia aquelas coisas sobre o tempo, também dizia que a memória provém dos sentidos e portanto se eu tenho uma memória associada ao 'não-cheiro' da flor, o que fazer? é deixá-la estar, como uma lindinha). 
Assim que entrei na faculdade, ainda andava obcecada com o encontrar o amor da minha vida - não falemos disso - e achava que qualquer sinalzinho era sinal para eu avançar até essa pessoa. Pois descobri alguém cujas flores preferidas eram girassóis, também. E que gostava de tatuagens e piercings como eu, que tinha um estilo de vestir o qual eu apreciava, lia quase tanto como eu... enfim, achei eu, na minha cabeça, que a pessoa era a ideal para mim. Volvido um ano, afastámo-nos por circunstâncias que agora não vêm ao caso e quando olho para trás, pensava que aquela pessoa tinha tudo para dar certo comigo mas que, por alguma razão, nunca aconteceu nada, nunca sequer tentámos. Sabem aquela frase do Drummond de Andrade que diz que há milhões de razões para não amar uma pessoa e só uma para amá-la? Pois aqui é exatamente o contrário. Havia todas as razões para nos amarmos e sermos felizes, no entanto faltava o principal - e este post está a cair em lamechice. 

Lembrei-me disto porquê? Porque estava a ver o facebook de uma amiga, quando me lembrei que ela tinha feito uma montagem uma vez, que passo a reproduzir, do filme '500 days of Summer' (se não viram, vejam. E a meio, saltem para a última parte, que é a melhor. Não, estou a gozar. Não estou nada.) e com a qual me identifiquei totalmente.

Thanks my darling, és uma parte da minha racionalidade! :)
Lamechas - again.


E acho que a imagem fala por si, não é verdade? Tantas vezes que andamos em busca da nossa parte de alma perdida, que achamos que ela tem que ser exatamente com o bocadinho de alma que achamos que temos em nós. E não tem que vir num clic, não tem que vir embalada numa caixa, que por acaso é uma pessoa, directamente à nossa alma. 
E assim se sucedeu com esta pessoa. Eu continuei a ter um carinho especial por ela e julgo que ela por mim e continuei a gostar de girassóis, dos livros que gostava antes, daquele tipo de roupa e por aí adiante. Às vezes julgo que o afastamento é um remédio santo, faz-nos ver as coisas mais em perspectiva e faz-nos parar para pensar.

Por outro lado, apreciar a solidão é uma coisa que eu raramente faço. Acho que estou incapacitada, tenho que estar sempre com alguém, a falar, a escrever (aliás, é exatamente por isso que tenho o blog. A única solidão que consigo sustentar é esta de 'escritor', mas isso anula automaticamente a noção de solidão, porque estou a fazer alguma coisa para não me sentir só. A solidão de leitor também me encanta, mas essa tampouco pode ser chamada de solidão. Aí estamos, por outra parte, muito bem acompanhados) ou a ver alguma coisa. 

A razão do título deste post? Uma vez li a frase num qualquer sítio que não me lembro e veio-me à memória. Dá-me a sensação de que esta noite é dia de brainstorming e estou com uma sensação enorme de criatividade dentro de mim. O que é uma coisa bom e espero que se estenda até amanhã, porque isto dá jeito para intervirmos nas aulas. Às vezes gostava que as aulas fossem nocturnas. Ou melhor, as aulas práticas seriam à noite e as teóricas de manhã bem cedinho, por volta das 7h. Das 7h até às 10h, 11h no máximo. Depois retomávamos por volta das 19h até às 23h. Se algum dia me for dada a oportunidade de decidir horários, vou propor isto - embora tenha a noção de que vai ser totalmente recusado, mas enfim, não custa tentar. 

Voltando à razão do título do post, que estou com um palavreado interminável e não consigo deixar de escrever o que me vai passando pela mente, esse amor de que falo não é propriamente amor no sentido de amor da vida, é mais amor-próprio e a facilidade com que ele é afectado, pelo menos no meu caso. E tem jeito de ser, já que parece que estou sempre em busca de alguma coisa. Vou explicar de outra forma: imaginem uma ampulheta (hoje estou com o conceito de tempo na minha cabeça, desculpem lá) por onde cai areia até à gôndola de baixo. Mas a gôndola tem um pequeno problema: vai-se alargando e não há forma de a areia que cai, por mais que seja, a conseguir preencher. Assim sou eu: uma sede interminável de qualquer coisa, uma eterna insatisfação com explicações e com sentimentos. Por isso é que nunca estou cheia de amor-próprio - ele de si mesmo não enche.

E hoje apetece-me mandar-te um beijo, a ti leitor, que gastas o teu tempo (indefinido...) a ler o post. Um beijo para ti, como que este post fosse uma carta de onde pudesses retirar o significado da tua existência. Um beijo, leitor fiel ou leitor novo. E se não houver nenhum leitor... um beijo para mim.


'Time is so short 
And I know there must be something more.'


'Look at earth from outer space
Everyone must find a place
Give me time and give me space
Give me real, don't give me fake.'


You see the world in black and white
No color or light
You think you'll never get it right
But you're wrong, you might.


'And time is on your side
Its on your side now
Not pushing you down
And all around, no
It’s no cause for concern.'
Próximo post: Mimesis e Catarsis