domingo, 20 de novembro de 2011

Antes de te conhecer, já eras.





O tempo, subitamente solto pelas ruas e pelos dias,
como a onda de uma tempestade a arrastar o mundo,
mostra-me o quanto te amei antes de te conhecer.

Eram os teus olhos, labirintos de água, terra, fogo, ar,
que eu amava quando imaginava que amava. 
Era a tua voz que dizia as palavras da vida. 
Era o teu rosto. Era a tua pele. 


Antes de te conhecer, existias nas árvores
e nos montes e nas nuvens que olhava ao fim da tarde.
Muito longe de mim, dentro de mim, eras tu a claridade.


José Luís Peixoto

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