segunda-feira, 30 de abril de 2012

Sobre a história vivida

Quando era pequenina, vivia só com a minha mãe e durante dois ou três anos andámos por Portugal a viver em diversos sítios. Guardo memórias bastante nítidas desses tempos, até um dia irmos para os Açores e por lá ficarmos até eu entrar na faculdade. 
Não me lembro de alguma vez a minha vida ter sido parada, monótona ou chata. Lembro-me de me aborrecer com momentos monótonos, mas no geral, ela não o foi. Acho que é preciso ter um grande sentido de história para não deixar que os filhos caiam em rotinas. Por sentido de história, quero dizer sentido de que se não estivermos com atenção às coisas, elas passam por nós sem darmos por isso. Sei que soa a cliché, a verdade garantida, mas não é assim tão garantida quanto isso. 

Toda esta conversa vem a propósito do que eu pensei no outro dia. Falava com A. sobre educar os nossos filhos e sobre termos que lhes explicar aquilo que eu mesma vivi, aquilo por qual passámos. Ter que explicar o 11 de Setembro, aquilo que vimos na televisão, as mudanças que a partir daí foram criadas, a desculpa para odiarem Muçulmanos da mesma forma que no tempo da minha mãe ou avó se odiava pretos. Ser preto era depreciativo, da mesma forma que viver 'lá para as arábias' é sinónimo de não ter alma. 

E tudo isto vamos explicar com vontade, com emoção... até eles olharem para nós e dizerem, sem qualquer expressão: mas o professor disse que isso não é importante e que não sai no teste...

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